Preciso Viajar

Christiane F. e meu medo de Berlim

Christiane F. traumatizou minha vida e quase impediu que eu visitasse Berlim. O filme é todo baseado na história real da Christiane, uma alemã que começou a se drogar aos 13 anos, depois se prostituiu para sustentar o vício e tudo isso em Berlim. Uma das cenas marcantes do filme é quando ela usa heroína pela primeira vez no banheiro de uma das estações do metrô, aliás, todas as cenas do metrô são tensas.

Bem, Christiane me traumatizou totalmente. Na minha cabeça, Berlim (principalmente a parte oriental) era uma cidade horrenda, cheia de drogados, o metrô era a própria filial do inferno e eu queria era distância daquele lugar maligno.

(Parabéns aos envolvidos por me mostrarem esse filme quando eu tinha 13 anos. Passei longe das drogas, porque realmente aquilo tudo me traumatizou)

Mas, a vida, ela não é fácil. Em 2004, fui morar em Portugal e, por uma ironia do destino, uma das minhas melhores amigas daquela época era uma alemã chamada Laura. Acabou que a Laura conheceu um canadense lá mesmo em Lisboa e não sei o porquê, os dois resolveram morar em Berlim. Só sei que eles me convidaram para visitá-los e sabe como é… Primeira vez na Europa, tudo é logo ali, tudo é fácil, tudo dá para fazer de trem  e acomodação grátis para quem tinha pouco dinheiro era praticamente como um bilhete da mega sena.

Superei meu medo e fui. Um frio desgraçado em Berlim e eu só lembrava da Christiane e daquela Berlim do filme. Eu bem que estava relutante em pegar o metrô, mas já tinha viciado naquela coisa. Eu moro em Curitiba, então meu primeiro contato com o metrô tinha sido lá em Lisboa e foi o suficiente para eu querer andar de metrô todos os dias. Metrô! Uma das mais fantásticas invenções da humanidade, vocês não acham?

(confesso aqui que morro de medo de cair na linha do metrô e às vezes sinto tonturas olhando para aquela linha amarela. Mais alguém ou só eu sou?)

Eu cheguei de ônibus em Berlim porque era mais barato. A Laura estava me esperando na rodoviária e a gente seguiu para a casa dela (de ônibus também). Mas, no dia seguinte, não teve jeito e eu tive que encarar o “temido” metrô de Berlim. Antes, obviamente contei para a Laura que tinha medo de Berlim, que era um pouco bastante traumatizada com o filme e blá blá blá. E a maior decepção da minha vida é que ela nem sabia quem era Christiane F. Não entendo essas coisas. Das duas, uma: ou o livro e o filme não fizeram sucesso na Alemanha ou a Laura era meio alienada.

Berlim

Sobre o metrô de Berlim, foi tranquilo. Funciona direitinho, é bem sinalizado e ninguém fica injetando heroína dentro dos banheiros.

Sobre Berlim – a cidade é fantástica. Uma das cidades mais legais que conheci. Se você curte História, dá para respirar História em Berlim.

Uma parte do que sobrou do muro (a foto é de 2006)

Sobre a Christiane: a vida dela continua não sendo fácil. Não bastasse ter se drogado e se prostituído aos 13 anos, hoje, com 50, ela continua lutando contra as drogas. Isso que ela já foi julgada, já sequestrou o próprio filho e tentou morar na Holanda. Voltou para a Alemanha e perdeu a guarda do filho. Força, Christiane!

 (a quem interessar possa, é possível encontrar o filme inteiro no youtube)

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