Uma viagem de volta ao mundo é repleta de aventuras, perrengues, ciladas e surpresas, muitas surpresas. A parte de Amman entra nessa última categoria. Explicando a história para quem chegou agora – eu tenho uma amiga da Eslováquia que mora em Dubai e que conheci no Brasil em 2007. Nos vimos novamente em 2008, quando eu fui para Dubai visitar outra amiga brasileira que tinha se mudado para lá. Fui para a Jordânia, depois de um pit-stop rápido na casa dessa minha amiga da Eslováquia em fevereiro de 2012. E o que vocês tem a ver com isso? É que essa amiga tinha um amigo que morava em Amman e graças a todos esses contatos, para resumir bem, eu me dei muito bem em Amman.
O Talat foi me buscar no aeroporto e virou meu guia durante todos os dias que estive em Amman. Ele me levou para todos os lugares turísticos e não me deixou pagar nada. A única despesa que eu tive em Amman foi o hostel.
Em Amman, já comecei a perceber a grande diferença que existe para locais e para turistas. Os preços para turistas são abusivos. Exemplo: a entrada para Jerash, a cidade romana, custa 12 JD para o turista e 0,5JD para os locais. Na Jordânia também aprendi que jeitinho não existe só no Brasil. O Talat resolveu falar em todas as bilheterias que eu era noiva dele e também era da Jordânia, para que eu pudesse pagar os preços dos locais. Lógico que nenhum guarda acreditava nessa história, mas mesmo assim, ele sempre conseguia comprar os ingressos mais baratos. Em uma das vezes, fomos parados e os guardinhas começaram a falar em árabe comigo, óbvio que eu permaneci muda, pois meu vasto conhecimento de árabe resume-se a yalla (algo como vamos), salamaleico (algo como Deus abençoe ou melhor Alá abençoe), shukran (obrigado) e inshalá (nao sei bem o que significa, mas lembro da novela O Clone e acho que seja algo como tomara que aconteça). No fim, depois de muito yalla, yalla, eles sempre me liberavam.
Outro fato engraçado (usando uma palavra bonita) é que nada tem preço na Jordânia. Os locais pagam um preço e os turistas (otários) pagam 5 vezes mais. Você entra no mercado, nas lojinhas e nada tem preço. Barganhar é legal quando você quer comprar uma roupa ou um souvenir, mas barganhar o preço da água mineral é demais. Lógico que enquanto eu estava com o Talat, não tinha problema nenhum. A gente comia nos melhores restaurantes, bebia chá e café o tempo todo e a conta sempre vinha com preços razoáveis. Bom, eu imagino que os preços eram razoáveis, porque para ser sincera, nunca vi nenhuma conta.
Falando em comida, muitos sabem que eu como muito mais do que eu poderia, considerando o meu tamanho. Mas, teve uma hora que tive que dizer ao Talat que não conseguia comer mais nada, após verdadeiras orgias gastrônomicas. A comida da Jordânia é bastante parecida com a comida dos seus vizinhos Síria e Líbano. Mas, existe um prato que infelizmente não lembro o nome que é carne de carneiro, arroz com açafrão e um molho de iogurte aquecido. Vocês não fazem ideia de como esse prato pesa no estômago. E para ajudar, o pessoal come tudo com a mão.
A comida é bem parecida com a do Líbano |
Outra coisa que é bom eu mencionar é em relação a qualidade dos hostels. É bom baixar bastante as expectativas antes de chegar na Jordânia, aliás no Oriente Médio. Essa não é uma área do mundo tão bem preparada assim para receber mochileiros. Os quartos não são mistos e não pega bem ficar andando de shorts ou enrolado na toalha pelo corredor. Para quem passou 4 meses na Ásia, dividindo quarto com homens e mulheres, em sua maioria europeus, que não estão nem aí e dormem de cueca e as meninas se trocam na frente dos caras, foi bastante chocante a “separação”. Por mais que os comentários do hostelworld sejam ótimos, fique sempre com o pé atrás. Fiquei no Jordan Tower Hostel, diárias a partir de 8JD e está longe de ser um lugar que eu chamaria de casa. É limpo, mas as camas não são muito confortáveis, a água quente nem sempre é quente e a calefação do quarto nem sempre funciona. Ponto positivo mesmo é o café-da-manhã, que é bem no estilo turco, cheio de azeitona, hummus, pão, bolo, ovos e por aí vai. No Oriente Médio não tem miguelação de comida. Tudo é em tamanho família.
E por último, Jordânia não é um país barato. O JD (jay-deeh) ou dinar vale mais que o euro para vocês terem ideia.
Voltando ao assunto Amman…Fizemos o tour cristão, passando ao redor do Mt. Nebo e de Madaba, um lugar famoso pelas profecias de Moisés e pelos mosaicos. Do alto do monte, dá para ver o Mar Morto.
Quanto aos mosaicos, eles são bonitos, mas é uma lembrança que pode custar caro. Entrei numa loja caríssima e para vocês terem ideia, o valor de uma mesa com mosaico, era praticamente o valor do carro que eu tinha, ou seja, o dinheiro gasto em toda minha volta ao mundo.
No meio das montanhas, o Mar Morto |
O lugar das profecias de Moisés |
Um dos mosaicos da igreja ortodóxica |
Um dos mosaicos no chão de uma igreja lá perto da área de Moisés. Desculpem pela descrição, mas já deu para perceber que religião não é meu forte, muito menos a Bíblia. |
Também fomos ao Teatro e Citadel de Amman e a Jerash, uma cidade próxima, famosa pelos seus tempos de império romano. E eu digo que o que vi em Jerash, foi muito mais impressionante do que eu vi em Roma.
Citadel |
Jerash |
Jerash |
Estou na dúvida se essa foto é em Citadel ou Jerash |
Detalhe importante para quem vai entrar na Jordânia via aeroporto
Eu achava que brasileiros e europeus precisavam de visto para entrar na Jordânia, mas segundo o Talat (meu amigo local), nós não precisamos. Porém, tive que pagar 20JD logo na entrada do aeroporto, que eu achava que era o visa on arrival (o visto que você pega no aeroporto). Segundo o Talat, esse valor não é o visto e sim uma taxa que a Jordânia cobra de quem entra no país via aeroportos. Esse valor só pode ser pago na moeda local, portanto tenha pelo menos U$35 com você em cash, para trocar por dinheiro local na casa de câmbio em frente ao guichê dos supostos vistos.
Conversei com uns americanos e europeus que entraram via terra e eles não pagaram nada, porém ao sair do país, parece que eles pagaram 8JD.