Separei as principais perguntas que recebi de amigos, familiares e leitores do blog e que também podem ser úteis para você que está planejando sua viagem de volta ao mundo.
FAQ Volta ao Mundo
1) Você reservava os hostels ou hotéis antes de chegar nas cidades?
Normalmente eu reservava só a primeira noite. A maioria das cidades tem uma rua de acomodações mais econômicas e grande parte dos mochileiros chegam sem nada reservado. Só que como eu estava viajando sozinha e minha mochila estava pesada, eu preferia ter a tranquilidade de chegar em algum local e já saber para onde ir (pelo menos na primeira noite). Mas se você vai viajar com alguém, sugiro não reservar nada mesmo. Uma das pessoas pode ficar cuidando das mochilas, enquanto o outro sai para procurar um quarto. É fato que os hostels e hotéis que não estão nos sites de reserva da internet são mais baratos.
2) Você sempre dividia quarto com estranhos? O quarto era só de mulheres? Quantas pessoas por quarto? Era limpo?
Na maioria das vezes, dividi quarto com estranhos sim. No começo dava preferência para quartos só de mulheres, mas percebi que era mais difícil fazer amizades com mulheres do que homens. Aí passei a ficar em quartos mistos. É tudo muito normal, os estrangeiros são muito mais liberais que os brasileiros. A galera não tá nem aí em se trocar na frente dos outros (cansei de ver homem de cueca), não é aquela coisa puramente sexual, aliás nunca vi nenhum tipo de pegação em nenhum quarto que fiquei (e não foram poucos). Eu preferia ficar em quartos de 6 pessoas, mas cheguei a ficar em quartos de 18 pessoas. Não aconselho, porque é bem barulhento. Posso contar nos dedos os hostels que me hospedei e eram muquifos. Eu sempre tinha o cuidado de avaliar muito bem as avaliações de outros hóspedes para decidir onde iria ficar. (leia esse post com dicas para escolher um bom hotel ou hostel).
3) Como você fazia para se comunicar com seus familiares e amigos no Brasil?
Como sou viciada em internet, levei netbook, blackberry e iPod Touch na viagem. Durante o tempo que morei na Austrália, comprei um sim card lá. Depois, me comunicava basicamente por skype ou e-mail com o pessoal do Brasil. Era muito fácil acessar wi-fi grátis em quase todos os países que passei. Só na Austrália, Nova Zelândia e Líbano que tive que pagar para usar o wi-fi. Nos demais países, tinha wi-fi literalmente em qualquer birosca, de restaurante a hostel e sempre grátis.
Atualização – fev/15: hoje como quase todo mundo tem um smartphone, é muito mais fácil se comunicar com qualquer pessoa em qualquer lugar do mundo. Meu blackberry era bem simples.
4) Vale a pena habilitar um plano de roaming internacional aqui no Brasil?
Não. Eu pesquisei os valores e achei os preços abusivos. Como disse, acessar a internet no exterior é muito fácil e comprar um chip (sim card) local também é fácil e barato.
5) Como você controlava o dinheiro durante a viagem? Você fazia saques diários?
Não fazia saques diários porque fazendo isso você perde muito dinheiro. Um pouco antes de sair da Austrália, peguei meu último salário e comprei algumas moedas estrangeiras, entre elas, as moedas da Tailândia, Japão, China e Indonésia. Essa parte que eu levei em cash foi útil porque quando precisei sacar dinheiro, já sabia quanto precisaria tirar. Eu fazia uma estimativa de quanto ainda precisaria para determinado país e sacava aquela quantidade. Obviamente que nem sempre dava certo. Por exemplo, no Japão chegou a faltar dinheiro e na China sobrou dinheiro.
No Sudeste Asiático, eu já sabia que a aceitação do dólar era boa e que inclusive as notas maiores valem mais na hora do câmbio. Então, aproveitei que lá no Camboja você pode sacar dólar nos caixas eletrônicos e saquei uns U$2.000. Fiquei carregando esse dinheiro comigo (em cash) por 2 meses. Aí em cada novo país que eu chegava, eu trocava os dólares por dinheiro local. Foi uma estratégia mais perigosa, mas o dinheiro rendeu.
Como eu andava com bastante dinheiro em cash, anotava no meu caderninho o total que eu tinha e os gastos diários e toda noite fazia um controle para ver se não tinha perdido nada.
Eu quase não usei cartão (mesmo o cartão pré-pago), porque em muitos países, eles cobram mais caro se você tentar pagar a conta com cartão. Por isso, eu sempre tinha dinheiro no bolso.
6) Que língua você usava para se comunicar nos países que visitou?
Com exceção da Colômbia e Portugal que usei portunhol e português respectivamente, nos outros países só usei inglês. No Japão e na China a comunicação foi bem difícil porque o inglês deles era bem precário ou inexistente, aí apelei para a mímica.
7) Você não sentiu falta de falar português durante a viagem?
Não. Para ser sincera, foi o que menos senti falta.
8) Sentiu muita falta da comida brasileira?
Não. Na Austrália eu podia cozinhar em casa e fazia coisas que estava acostumada a comer no Brasil. E no restante da viagem provei as comidas locais que eram muito boas (com exceção da China que não gostei).
9) Você ficou doente alguma vez durante a viagem ou teve algum incidente que precisou ir para o hospital?
Sim. Logo no começo da viagem achei que tinha torcido meu tornozelo em Dubai. Tive que ir para o hospital. Na Nova Zelândia, tive uma amidaglite super forte e tive que ir para o hospital pegar uma receita de antibiótico. Na China, fui atropelada por uma motinho, mas foi só um susto. Nem precisei ir para o hospital. No Camboja, fui picada por uma aranha e fui para o hospital para ver se não era nada mais sério. No Vietnã tive uma intoxicação alimentar fortíssima. Mas foi tudo relativamente tranquilo e não tive problemas para utilizar meu seguro de viagem internacional (não viaje sem seguro!).
10) Quantas vacinas você tomou?
Só a de febre amarela (e já tinha essa vacina).
11) Você tomou remédio contra a malária?
Quando cheguei na Tailândia, meus amigos ingleses fizeram tanto terrorismo dizendo que eu tinha que tomar o remédio contra malária que acabei comprando em Bangkok a medicação. Tive efeitos colaterais péssimos – alucinava todas as noites e suspendi o uso. Não aconteceu nada e, sinceramente, não recomendo que tomem o remédio, principalmente o que é vendido em Bangkok.
12) Como você fazia com os itens de beleza, salão, depilação, manicure e etc.?
Olha, volta ao mundo não é concurso de beleza e se você é o tipo de pessoa que não consegue ficar uma semana sem fazer manicure, repense se vai conseguir fazer uma viagem de longa duração. Manicure e pedicure eu fazia quando dava (e tinha paciência) em casa (na Austrália) ou nos hostels do mundo. Cortei o cabelo apenas 2 vezes durante a viagem. Sobrancelha eu mesma fazia e depilação eu fiz laser nas partes mais críticas antes de viajar. Esqueça a facilidade (e principalmente preços) dos salões de beleza no Brasil. O ideal é desapegar (por mais difícil que seja).
13) Você levou seus remédios de uso contínuo? Eles pediram receita no aeroporto?
Levei 15 caixas de cada remédio de uso contínuo que tomo. Levei as receitas (em inglês), mas ninguém me pediu.
14) Você sofreu muito assédio viajando sozinha?
Sinceramente, se eu responder que não estarei mentindo. É difícil viajar sozinha por países muçulmanos, mas nos demais países (inclusive os da Ásia) foi bem tranquilo. Os nativos sempre me respeitavam. Quando tinha assédio era por parte dos gringos mesmo que adoram brasileiras, mas aí são outros 500.
15) Que cuidados você tomou viajando sozinha para evitar problemas?
Usei e abusei do bom senso. Não aceitava bebida de estranhos, não andava sozinha nas ruas durante o período noturno, evitava regiões desertas e por aí vai.
16) Você não se sentia muito sozinha?
Tive meus momentos de solidão e de saudade, mas como eu conhecia pessoas novas todos os dias, dificilmente me sentia sozinha. Acho que essa foi a maior alegria da minha viagem.
17) Como você fazia para planejar os destinos? Levou algum guia impresso com você?
A parte do meu roteiro antes da Austrália, eu planejei no Brasil mesmo, basicamente na internet. A parte da Ásia eu planejei enquanto estava na Austrália. Todos os finais de semana eu ía em alguma livraria e ficava horas pesquisando os roteiros, utilizando os guias disponíveis. Só comprei um guia (do Lonely Planet): o do Camboja, Vietnã e Laos. Abandonei esse guia no Camboja porque ele estava pesando muito minha mochila. E a parte do Oriente Médio eu pesquisei enquanto estava na Ásia pela internet e por relatos de mochileiros que eu já tinha conhecido nos países que tinha visitado anteriormente.
18) Você comprou a passagem de volta ao mundo?
Não. Comprei uma passagem chamada “multistop” saindo de Londres. De Londres, parou em Dubai, depois Auckland (Nova Zelândia), Sydney (Austrália), Bangkok (Tailândia) e depois Dubai novamente e Londres. Usei essas cidades como “hub” e comprei mais alguns trechos em cias low cost para viajar pela Ásia e Oriente Médio.
Comprei minha passagem nesse site. http://www.flightcentre.co.uk/round-the-world-flights
Atualização: fev/15 – na época, essa foi a melhor alternativa. A libra não estava tão valorizada como hoje e a Emirates tinha essa passagem que citei acima. Voei com uma das melhores cias do mundo a um preço bem acessível.
19) Quanto você gastou?
Eu trabalhei um tempo na Austrália e usei esse dinheiro para me manter por lá. Não contabilizando a parte da Austrália, eu gastei (do dinheiro do Brasil) U$18 mil. Converti todo esse valor antes da viagem.
Atualização: fev/15 – o dólar estava muito barato em 2011. O mais caro que paguei foi R$1,75. Outra vantagem é que na época o IOF dos cartões pré-pagos também era mais barato.
20) Dá para gastar menos?
Dá. É só incluir países mais baratos no roteiro e usar e abusar do transporte terrestre e couchsurfing. Eu fiz uma viagem econômica, mas não fiz couchsurfing, por exemplo. Também me dei uns luxos, como passeio de helicóptero, salto de paraquedas, acampamento no deserto e por aí vai.
Tem mais alguma pergunta? Pode perguntar nos comentários.