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Quando o mundo volta para sua vida

Eu sabia que esse dia iria chegar. Na verdade, ele já chegou várias vezes. Às vezes de forma tímida, às vezes sem querer ir embora, porém, especialmente depois da volta ao mundo, ele voltou e para incomodar.

Se já é impossível não sofrer após uma viagem de férias, imagina não sofrer após uma viagem de férias que durou mais de um ano? Eu sabia que a hora que voltasse para a rotina, as coisas começariam a desandar. Mas foi essa a decisão que tomei. Decidi comprar um apartamento, decidi construir um patrimônio, decidi levar a vida que todo mundo leva. Até aí, tudo bem. A rotina me mata? Com certeza. Mas antes fosse só isso.

E lá se foi o primeiro feriado na quinta e ser obrigada a trabalhar na sexta. E veio o segundo. Virá o terceiro, virá o quarto e sei lá mais quantos. Pior é que além da não disponibilidade de tempo, no momento também não tenho a disponibilidade financeira (principalmente por causa da compra do apartamento). As pessoas tentam me consolar: “ah, mas você já viajou tanto”. Pois é, já viajei muito e agradeço todos os dias por isso. Agradeço por todas as viagens que fiz, todas as viagens que me fizeram ser o que sou hoje. E eu sei que tive muitas oportunidades (não gosto da palavra sorte) e também sei que não posso reclamar. Mas ao mesmo tempo eu sei a dor que a falta de viagens causa na minha vida.

E essa dor tem me consumido. Mas felizmente a Copa trouxe um pouco do mundo para Curitiba e também para a minha vida. Sinceramente, fazia tempo que não me divertia tanto por aqui. E foi aí que percebi que posso continuar me enganando ou preciso tomar uma atitude para mudar de vida.

É complicado porque quando decidi entrar para o funcionalismo público dediquei muito tempo estudando. Tudo bem que não estou no órgão público que queria estar e para chegar lá vou ter que dedicar mais um bom tempo da minha vida estudando, mas passei a me questionar: será que é isso mesmo que quero para a minha vida? Ter estabilidade, mas ter que trabalhar todos os dias no mesmo lugar, fazendo a mesma coisa até me aposentar?

Como a vida não é fácil, foi bem nessa época que propostas interessantes passaram a surgir via blog. Viagens que no momento não posso fazer pela falta de férias/feriados e ter que rejeitá-las me faz sofrer muito. Também fiquei pensando na vida fora daqui, em tudo que sinto falta. Para ser honesta, o que mais sinto falta é um sistema de férias mais justo em que você não precise trabalhar 12 meses para ter direito a 30 dias de férias.

Sei que isso tem me desgastado. Inclusive faz tempo que não consigo ter inspiração para escrever por aqui. Tomei minha decisão e espero não me arrepender, mas tenho ciência de que cada escolha gera uma ou algumas renúncias.

“Amar é ter um pássaro pousado no dedo. Quem tem um pássaro pousado no dedo sabe que, a qualquer momento, ele pode voar”.  (Rubem Alves)

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