Preciso Viajar

Saudades do mundo

Já dizia (não sei quem) que a saudade é a certeza que algo valeu a pena. Talvez essa seja a frase mais verdadeira que escutei em toda a minha vida. Mas é uma pena que a saudade não seja só isso.

Saudade para mim é a palavra mais forte da língua portuguesa. Aquela palavra que é capaz de apertar o coração e trazer lágrimas aos nossos olhos.

Saudade é amor. Saudade é dor. Saudade é vontade de viver de volta (do mesmo jeito) aquilo que já vivemos.

No momento, saudade é o sentimento mais constante da minha vida. Sinto falta do mundo de um modo como nunca senti a falta de alguém. Sinto falta de tudo, até daquelas viagens intermináveis pelo Sudeste Asiático. 18 horas dentro de um ônibus, sacolejando por estradas não asfaltadas, hoje cai como música para meus ouvidos.

Saudade

Saudades dos monges (e mini-monges) cruzando o meu caminho. Saudades do cheiro onipresente de incenso no Camboja. Saudades até das insistentes massagistas da Tailândia e daquele som único – “massageeeeee.” Saudades das crianças cambojanas correndo e gritando – “one dollar, one dollar”. Aliás, muitas saudades de comprar duas cocas por 1 dólar, fazer massagem de 15 minutos por 1 dólar, comer 1 panqueca por 1 dólar, comprar 10 postais por 1 dólar e…saudades!

Saudades de Darling Harbour, que aparecia todos os dias no meu caminho para o trabalho. Saudades também do “Rabobank” que me garantia a risada matinal diária (e olha que eu não sou uma pessoa bem-humorada pela manhã). Saudades até do leilão de frutas e verduras da Chinatown de Sydney. Saudades absurda de Tim Tam. Saudades da torta de maçã da Sara Lee.

saudade

Darling Harbour, Sydney

Saudades das viagens de ônibus pela Nova Zelândia. Saudades das ovelhas. Saudades dos amigos que ficaram. Saudades dos amigos que nem foram. Saudades…

Saudades do pôr do sol. Saudades da chuva. Saudades do arco-íris. Saudades da neblina. Saudades do verão. Saudades do mar. Saudades da Europa. Saudades do frio. Saudades do mundo.

O barco não poderia ter um nome mais apropriado – paraíso!

Numa praia qualquer da Tailândia

Saudades dos mercados. Saudades de quase tudo que tinha nos mercados. Saudades do metrô. Saudades até de dormir nos aeroportos. Saudades de não saber o que iria acontecer no dia seguinte e quem iria cruzar meu caminho. Saudades de acreditar que o amanhã realmente iria ser diferente (porque sempre era). Saudades dos encontros inesperados. Saudades também dos encontros marcados. E a mais triste de todas as saudades – saudades das despedidas.

Arlene, uma grande amiga que fiz na Jordânia

Saudades de tudo que vivi. Saudades de quase todos que conheci. Saudades dos planos que eu tinha quando viajei e dos planos que eu tinha para quando voltasse. Saudades de 2011 e de 2012, certamente os anos mais incríveis da minha vida. Saudades de me sentir dona do mundo. Só não sinto saudades das injustiças do mundo, porque de resto…saudades, saudades, saudades!

 

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