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Viajar ou juntar dinheiro?

Bali

Viajar ou juntar dinheiro? Já faz algum tempo que essa pergunta anda rondando meus pensamentos. Desde que eu escrevi o texto “É preciso amar as pessoas como se elas fossem viagens“, muita gente se manifestou, mas uma história me fez pensar nisso – vale a pena viver em função do dinheiro?

Espero que a Letícia não se importe, mas acho que a história dela merece ser compartilhada. E, semanas depois “de ter conhecido” a Letícia, conheci a Sharon, uma americana de 28 anos.

Pessoas diferentes, histórias diferentes, mas no fundo a mesmíssima reflexão. Até que ponto vale a pena viver no piloto automático e deixar para amanhã o que podemos fazer hoje? Faz algum tempo que eu tenho uma certeza na vida – a única coisa que realmente importa é saúde, pois sem ela não adianta ser milionário. De uma forma ou de outra, sua vida estará comprometida.

Acompanhei de perto várias doenças da minha família. Vi avós, tias e meu pai morrerem cedo e lutarem durante anos contra doenças que infelizmente ainda não têm cura. E cheguei à conclusão que nunca serei rica, mas vou aproveitar enquanto tenho saúde para viajar o máximo possível.

E aí entra a história da Sharon. Ela poderia ser eu ou você. Conheci ela em Maui e fiquei extremamente curiosa para saber porque ela era careca. Seria câncer ou ela era adepta do Hare Krishna? Não cheguei a perguntar, mas também não demorou muito para ela me contar a sua história.

Fizemos a caminhada do vulcão Haleakala no Hawaii juntas e ela me contou que tem 28 anos e está lutando contra um câncer de mama há quase 2 anos. Ela fez dupla mastectomia (cirurgia de remoção completa da mama) e ficou careca. Como ela mesmo disse, ela não sabe se o câncer vai voltar. Ela não sabe se amanhã estará viva, então resolveu colocar uma mochila nas costas e conhecer o mundo (bom, no caso ela está conhecendo os Estados Unidos porque ainda está em tratamento).

E tem também a Letícia, que assim como eu (e acredito que você) ama viajar. Bom, para resumir: a Letícia sofreu um grave acidente a caminho do aeroporto. “Infelizmente, em novembro de 2011, terminando de fazer a minha 7a viagem internacional daquele ano, fui vítima de um grave acidente enquanto ia para o aeroporto retornar ao Brasil. Desde então, estou em processo de recuperação (principalmente do movimento da perna direita, que se esfacelou no acidente…) Portanto, sofrendo há 1 ano e 4 meses de uma grave síndrome de abstinencia…..rsrs… Mas tá acabando e a comemoração vai ser viajando… óbvio!!!!”

A história dela me tocou, porque novamente, podia ser eu ou você. Troquei umas mensagens com ela e decidi escrever esse texto, porque achei que poderia ser de alguma forma motivador para quem está sempre procurando uma desculpa para deixar para amanhã o que pode fazer hoje. E isso serve para tudo nas nossas vidas e não só para as viagens. Infelizmente, só temos o dia de hoje para ser feliz e não vale a pena ter tanta esperança que o dia de amanhã será melhor, pois talvez ele nunca chegue.

Mais algumas palavras da Letícia:

“Aliás, se antes já vivia para viajar, após o acidente, essa vontade foi potencializada. Vi a morte muito de perto e quão efêmera é a nossa vida. De nada adianta viver por viver se não fazemos aquilo que amamos. A vida passa despercebida e nós também…

Tal qual você, decidi tirar 1 ano sabático, dar minha volta ao mundo e fazer um blog contando minhas experiências…. quem sabe algo voltado para pessoas com necessidades especiais….

Estou no aguardo de melhores condições físicas para poder voltar à ativa. Não vai ser como antes, mas vai ser do jeito que dá… ah, isso vai!!!”

Então, para finalizar: decidi viajar. Acho que nunca serei rica, nunca terei um carro importado, nunca terei a bolsa da moda ou um closet cheio de sapatos, mas terei as minhas lembranças, porque isso ninguém conseguirá me tirar (talvez um alzheimer).  Novamente, saúde é tudo que importa nessa vida). Para o resto, sempre dá-se um jeito.

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