Quando eu finalmente decidi ir para Maui, fiz minha reserva no hostel Banana Bungalow de acordo com os tours que me interessavam. E eu saí do Brasil disposta a ver um vulcão e praias bonitas e eram esses itens que estavam na minha lista obrigatória do Hawaii.
Como não deu para ir para a Big Island e ver o vulcão ativo, me contentei em ir para o Haleakala. Aliás, no Hawaii quase tudo começa com H ou K e todos os lugares parecem ter o mesmo nome.
Peguei o tour grátis oferecido pelo hostel que consistia numa caminhada de 12 milhas pelo vulcão. 12 milhas é o equivalente a pouco mais de 19 km. Achei puxado, mas estava disposta a encarar o desafio, pois faz 6 meses que tenho me exercitado bastante e melhorei muito meu condicionamento físico.
Quem leu os posts antigos desse blog, viu que eu quase morri na escalada do Franz Josef na Nova Zelândia e que a caminhada na Muralha da China também foi tensa.
6 coisas essenciais para quem pretende fazer essa caminhada/escalada do Haleakala.
1) Protetor solar: a espertona aqui passou protetor só no rosto e nos ombros e achou que era morena o suficiente para não passar protetor nas costas (na parte que não estava coberta pela blusa). Resumo – uma marca ridícula de X nas costas que eu não consegui tirar mesmo indo para a praia todos os dias.
2) Boné: o sol é forte
3) Tênis apropriado: tem que ser um tênis bom e, na boa, um tênis que você não tenha muito apego. Eu tive que jogar o meu fora depois do passeio porque ficou imundo (tá, verdade seja dita: estava velho e eu queria comprar outro).
4) Água: não é exagero levar um litro e meio de água. Eles não vendem nada dentro do parque, então garanta-se!
5) Comida: a caminhada é puxada, então leve barrinhas de cereais, chocolate ou o que você preferir para dar uma energia extra, fora sanduíches e outras guloseimas salgadas.
6) Casaco corta-vento, gorro e luvas: quando você chegar no topo para ver o pôr do sol, vai ver um dos pores do sol mais lindos do mundo e também um dos mais gelados.
Não vou mentir, mas esses 19 km do Haleakala não foram fáceis. Primeiro, porque é praticamente uma caminhada em cima de um mix de areia e algo semelhante a carvão e, segundo, porque a parte mais puxada é o fim.
No começo, são 7 km de pura alegria – você só desce. Acha tudo lindo, vai parando para tirar fotos, fica espantando com as plantas que parecem ser de outra planeta (e que por sinal só existem no Haleakala), faz aquela parada para o almoço e aí começa o sofrimento.
Depois da parada do almoço – em teoria – são 6 km de um trecho reto, mas tem uma subida no meio desse trecho que vai fazer você se arrepender de ter nascido (ou pelo menos de ter topado fazer essa caminhada). É tenso! Nessa parte, eu me distanciei do restante do grupo, porque realmente não estava conseguindo alcançar o ritmo.
Depois dessa subida enorme, vem mais um trecho reto. Tem mais uma parada para comida e para repor as energias e aí a tortura começa.
Os últimos 7 km são só de subidas. É uma pior que a outra e parece nunca ter fim. Como eu já sabia que meu grupo era rápido demais, resolvi partir antes deles. Mas, não deu meia hora e metade do grupo já havia me ultrapassado.
Os guias já tinham nos alertado que em certa parte do trajeto, veríamos uma placa e era para virarmos à direita e eu estava bem preocupada em não chegar nessa parte sozinha, pois sou bem perdida e meu medo era virar para o lado errado e não chegar no estacionamento.
Então, grudei numa suíça e num inglês e fomos fazendo o trajeto juntos. Só que chegou um ponto que a suíça parou, o inglês continuou, eu fui com ele, mas, lá pelas tantas, nos separamos de volta e eu cheguei na tal placa sozinha.
Para ser honesta, nem lembro se era direita ou esquerda, sei que peguei o trecho certo, mas como estava subindo sozinha e não via o fim da subida, cheguei a me desesperar achando que tinha feito tudo errado.
Sei que depois de muita subida, finalmente vi 2 pessoas descendo, aí perguntei se por um acaso elas estavam vindo do estacionamento. Diante da resposta afirmativa, me acalmei e continuei subindo.
Não demorou muito e eu vi um carro lá em cima. Eu não sentia mais minhas pernas, não tinha mais forças, mas pensava – agora falta pouco, só mais 10 minutos, só mais 10 minutos. Olha! Foi no mínimo uma hora. Aquele estacionamento não chegava nunca.
Sei que quando finalmente cheguei no estacionamento, encontrei todo mundo deitado no asfalto (que era exatamente o que eu tinha pensado em fazer).
Não fui a última a chegar. Uma meia-hora depois de mim, o inglês e a suíça finalmente chegaram.
Valeu a pena?
Sim, foi uma das coisas mais fantásticas que já fiz na vida. As paisagens são realmente lindas, o parque traz uma paz enorme, mas só recomendo para quem realmente tem preparo físico.
No final da subida, entramos na van e fomos para o ponto mais alto do Haleakala ver o pôr-do-sol. Um vento geladíssimo, mas foi um dos mais lindos que já vi na vida. É uma sensação meio “dono do mundo”, afinal você fica acima das nuvens.
E a estrada para descer é cheia de curvas, chega a parecer que você está voando ou no mínimo, invadindo as nuvens.
Essa caminhada do Haleakala foi um um dos pontos altos da minha viagem para o Hawaii. Outra curiosidade interessante: o parque que abriga o Haleakala é maior que a ilha de Manhattan de Nova York.
Outras instruções caso você fique no hostel Banana Bungalow
O tour sai cedo e o café da manhã do hostel não é bom. Mas, não se desespere porque eles param num mercado antes do vulcão para você fazer umas compras.
Nesse lugar que eles param, tem mercado, Starbucks e Subway. Muita gente nem repara que tem um Subway lá porque ele fica meio longe do mercado. Minha dica: entre no mercado, faça suas compras correndo (água, frutas, chocolate, salgadinho, etc), não compre o sanduíche lá e vá para o Subway. Peça o sanduíche inteiro no Subway, porque (acredite) você vai precisar.
Na volta, eles param nesse mesmo lugar, então fique tranquilo. O jantar está garantido.