Preciso Viajar

Minha vida em Lisboa

Esses dias eu contei como é que eu fui parar na Europa (se você não leu, favor ler aqui para poder acompanhar a história de hoje).

Bom, duas semanas depois que cheguei em Lisboa eu já estava apaixonada. Pela cidade? Não, pelo Felipe mesmo. Mas era tudo muito complicado. Não bastasse nossa diferença de idade, nossa diferença de salários, ainda existia outro problema: ele era extremamente ciumento.

E eu morava com uma galera (tipo 10 pessoas num apê de 5 quartos) e nosso prédio era amplamente conhecido em Lisboa como o prédio que promovia as melhores festas da cidade. Não estou exagerando e nem mentindo. Quem morou em Lisboa entre 2004 e 2006 sabe do que eu estou falando. É só perguntar das festas da São Sebastião da Pedreira. Só para vocês terem ideia de como era insano o negócio, um dia eu fui convidada para a festa no meu próprio apê. Via sms! Presta atenção! Era extramamente viral o negócio e nem facebook existia naquela época. Ou seja, a gente tinha o dom mesmo de promover umas festas iradas.

Se você ainda não acredita em tudo que falei até agora, tá aqui uma foto de uma das nossas ‘geladeiras’.

banheira cheia menor

O pessoal que morava comigo era de Curitiba e por incrível que pareça eu conheci eles lá em Lisboa. Eles estavam fazendo um intercâmbio de estudos por lá. E eu tinha um emprego em horário integral. Sinceramente, até hoje não sei como eu dava conta de trabalhar depois daquelas festinhas. Só a juventude para explicar esse fato.

Só tinha outro problema – Felipe odiava essas festas e para ajudar, ele também não bebia e para mim, cerveja é vida. Às vezes eu cedia e ficava na casa dele e nem voltava para a minha. Mas quando a gente brigava, eu batia cartão em todas as festas do prédio, tipo, todos os apartamentos abriam suas portas. Como eu disse, era um negócio de outro mundo (saudades extremas de tudo aquilo).

Adoro as cervejas portuguesas

Lógico que isso foi desgastando nosso namoro. A gente brigava, terminava e voltava praticamente todo mês e eu nunca fiquei com outro cara (mesmo quando a gente terminou de vez), porque eu realmente gostava dele. Pena que eu era muito imatura na época e ele muito ciumento. Os opostos podem até se atrair, mas dificilmente conseguirão conviver juntos. Era nosso caso.

Nesse meio tempo, nós viajamos para Londres. Fomos passar o Natal por lá. Olha, foi amor à primeira vista. Quando eu pisei em Londres senti que aquela era minha cidade e que eu ía fazer de tudo para voltar.

A sempre bela Londres!

Bom, o Felipe não falava inglês e amava Lisboa, então eu meio que já sabia que se eu decidisse ir para Londres, essa seria uma decisão minha e eu teria que ir sozinha.

Nosso namoro já ía de mal a pior mesmo. Brigamos pela enésima vez, mas tinha sido mais sério. Eu até lembro do dia. Lembro que saí da casa dele em Estoril, peguei o trem até Cais do Sodré e comecei a chorar que nem uma louca. Ele me ligou diversas vezes naquela noite e eu não atendi o telefone. Eu nem fui trabalhar no dia seguinte.

Já não lembro se a foto é em Estoril ou Cascais, mas as duas são lindas

Não tinha mais como a gente voltar e eu já não aguentava mais sofrer por algo que eu sabia que já tinha terminado. Eu sei que às vezes a gente quer colocar vírgulas e reticências, porque o ponto final é dolorido, mas ali não tinha mais jeito. A história tinha chegado ao fim.

Como eu não queria mais nenhum tipo de conversa, ele até me mandou um e-mail explicando algumas coisas (que por sinal tenho guardado até hoje), mas era hora de começar um novo capítulo na minha vida, até porque eu já não aguentava mais o meu emprego (na verdade, a falta do que fazer nele) e decidi que era hora de partir. Eu estava decidida a ir para Londres, mas para isso eu precisava da minha cidadania italiana. E foi assim que eu fui parar na Itália.

O dia que eu saí de Lisboa foi um dos dias mais tristes e ao mesmo tempo mais libertadores da minha vida. Lembro de um amigo português me levando até o aeroporto. E eu que sou uma pessoa que não consegue parar de falar, estava muda. Eu sofro demais, porque nunca entro no jogo para competir. Sempre entro para ganhar, mas não dá para ganhar tudo nessa vida. E perder nunca é fácil. Mas certas coisas não dependem só de você.

Meu lugar preferido em Lisboa – o castelo de São Jorge

Essa história continua, até porque antes de eu chegar na Itália, muita coisa ainda rolou em Lisboa. No próximo post, vou detalhar um pouco melhor como era minha vida por lá.

 

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