Preciso Viajar

A saga de Uyuni – parte III e final!

Se você não leu a parte I e II da minha saga de Uyuni, por favor leia. Fui na recepção do hotel e contei meu drama para os donos. Eu realmente não conseguia parar de chorar e eles também se comoveram com minha situação.

Disse que já tinha tentado de tudo: voos, trem, carona na estrada, contratar um táxi e por aí vai. Eles me disseram que situações como a do protesto dos mineiros eram comuns no país e que os protestos poderiam durar semanas ou apenas algumas horas.

O Jorge (dono do hotel Oro Blanco), disse que ficaria atento às notícias durante a madrugada e logo cedo me avisaria se havia alguma possibilidade de voltar para La Paz.

Ele bateu na porta do meu quarto às 7h00, dizendo que as estradas estavam liberadas e que os ônibus de Uyuni iriam para La Paz às 20h00. Respondi que infelizmente isso não resolveria meu problema, porque meu voo saía de La Paz às 7h00 e esse ônibus só chegaria lá às 8h00.

Ele pediu uns minutos e disse que faria umas ligações. Voltou 10 minutos depois, dizendo que o único jeito para eu não perder meu voo seria encarar 3 ônibus locais, num total de 16 horas. De Uyuni, teria que ir para Potosí e de lá teria que ir para Oruro e de Oruro para La Paz. Era uma rota alternativa, mas existia a chance dos bloqueios voltarem a qualquer momento.

O Jorge já tinha reservado meu bilhete para Potosí. Eu nem pensei muito e topei a rota alternativa. Fechei minha mochila, fui comprar comida para a longa jornada e fui na lan house dar um jeito de avisar minha mãe que estava tentando voltar. Minha mensagem foi: “mãe, se eu não der mais notícias é porque cheguei em La Paz” (que bom que ela não é cardíaca).

Apesar do Jorge ter lucrado 10 bolivianos (U$1,50) comigo, dizendo que os preços dos ônibus tinham subido por causa da falta de combustível, não posso deixar de agradecê-lo por ter encontrado uma solução para eu não perder meu voo. O bilhete do ônibus de Uyuni para Potosí custava 30 bolivianos, mas ele me disse que custava 40.

O ônibus de Uyuni para Potosí estava cheio de turistas, o que foi bom porque não tivemos aqueles episódios típicos de ter que viajar com cachorros, galinhas e duas pessoas por assento (que alguns relatam ser o “comum” na Bolívia).

Infelizmente a jornada de Potosí para Oruro foi terrível. O ônibus estava caindo aos pedaços.

esse era o tal “bus cama”

Quando finalmente cheguei em Oruro, fui numa lan house averiguar se o aeroporto de La Paz não fechava durante a noite. Como iria chegar em La Paz meia-noite era melhor ir direto para o aeroporto.

A jornada de Oruro para La Paz foi a melhor de todas que fiz na Bolívia. O ônibus era bem decente, equivalente a um semi- leito brasileiro. Rolou até um filme dublado em espanhol. Cheguei em La Paz meia-noite e meia.

Por sorte, já tinha estado lá e meio que sabia o esquema para não cair em táxis piratas e ser sequestrada (sim, acontece). Arranjei um motorista bem decente, que me fez um valor justo da rodoviária para o aeroporto (50 bolivianos). O cara era tão gente boa, que dei todas minhas moedas de gorjeta para ele. Deu uns 8 bolivianos (pouco mais de U$1) e o cara ficou tão feliz que até carregou minha mochila.

Cheguei no aeroporto de madrugada e fui surpreendida com uma excelente conexão wi-fi. Apesar do aeroporto ser pequeno, ele é novo, os banheiros são muito limpos e as cadeiras do aeroporto são bem confortáveis.

Na fila para fazer o check-in, encontrei um cara de Curitiba, super simpático e prestativo (inclusive pagou minhas taxas do aeroporto).  Fica a dica – você tem que pagar 174 bolivianos (ou U$25 para poder deixar o país). Ficamos batendo um papo, tomamos café e em Santa Cruz de la Sierra (paramos lá para trocar de voo) e descobri que ele é chefe de um amigo de infância. Quando eu falo que o mundo é uma vila, ninguém acredita.

Foi perrengue demais essa jornada de volta para La Paz, minhas costas estavam doloridas e eu estava louca para tomar um banho (que infelizmente não foi possível), mas consegui embarcar para o Brasil.

Não vou dizer que foi a viagem com mais perrengues da minha vida, mas foi tenso. E apesar de eu ter cruzado com vários bolivianos sem noção, os últimos que apareceram foram verdadeiros anjos.

Veja como foi o passeio pelo Salar de Uyuni

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