Interrompemos a programação de dicas práticas da Europa para a publicação de mais um daqueles posts super pessoais. Semana passada, postei a montagem abaixo no Instagram (segue lá, @precisoviajar) e escrevi isso aqui: “Em 2004, minha vida mudou radicalmente. Fui morar na Europa por uns anos e lá percebi que a vida é curta demais pra gente nascer e morrer no mesmo lugar. Cheers aos 10 melhores anos da minha vida e a todas as viagens incríveis que já fiz.”
A verdade é que faltou espaço no Instagram para explicar algumas coisas. Não gosto dessa história de conto de fadas (na verdade, eu não acredito nisso). Eu acredito que todo mundo tem seus altos e baixos e que a gente precisa espremer um ou vários limões por dia. Uns escolhem uma limonada sem açúcar e outros escolhem uma caipirinha. Eu, ultimamente, confesso que meus limões são espremidos para o tal suco verde (quem diria que a couve realmente ajuda no emagrecimento).
Enfim, uma coisa é certa: eu já nasci com esse espírito livre. Desde muito pequena mesmo, eu já demonstrava um amor fora de série pela liberdade. Talvez por esse motivo, minha vida acabou passando longe do casamento. Acabou que não conheci alguém tão apaixonado pela liberdade e pelo mundo como eu e esses são requisitos básicos para alguém – em teoria – permanecer para sempre na minha vida.
O que eu sei é que em 2004, por conta da minha determinação (modéstia à parte, mas essa é minha principal qualidade), eu fui morar na Europa. Na época, eu nem tinha a cidadania italiana e, novamente, com muita determinação e força de vontade eu consegui. Então, nem tudo foram flores. Aliás, já falei disso aqui, aqui e aqui.
Não acho que para uma pessoa ser feliz ela tem que morar fora do país, embora eu recomende sempre a experiência. É uma forma de amadurecimento incrível e abre demais suas perspectivas de vida. E é exatamente aí que mora o problema. Seu mundo se abre muito. Você começa a achar que as distâncias não são tão longas e que tudo parece viável. E de fato é. Com muito foco, determinação e força de vontade, o mundo pode ser parte constante da sua vida. E aí, voilà! Você percebe que a vida é curta demais para nascer e morrer no mesmo lugar. Aconteceu comigo e com tantos outros.
O tempo passa, a vida passa, tudo passa, menos a saudade. 10 anos atrás, minha vida mudou de tal forma que, às vezes, é até difícil acreditar que eu não vivi um sonho. Na verdade, eu sei que não foi um sonho, porque nem tudo foi tão fácil assim. Não tenho saudade dos tempos de pobreza extrema de Londres, em que muitas vezes era obrigada a comer no Mc Donald´s, pois tudo o que tinha para comer no dia eram duas libras. Já dizia Amélie Poulain que são tempos difíceis para os sonhadores. Sempre foram.
O que eu deixei de lado foi esse sentimento de arrependimento e a constante fase de viver no subjuntivo: e se??? Por anos me arrependi de ter voltado (mesmo sabendo que foi a decisão mais acertada). Continuo achando que é melhor se arrepender do que você fez do que deixou de fazer. Durmo tranquila todas as noites, pois fiz tudo o que queria. E o que ainda quero, sei que também farei.
Fiz coisas incríveis. Outras nem tanto. Conheci pessoas sensacionais que trazem cor para a minha vida todos os dias. Conheci muitos idiotas que já me fizeram chorar muitas noites. Já ajudei tanta gente que considerava amigos e não recebi nada em troca. Mas, em compensação, já recebi ajuda de quem eu nem esperava. A vida é assim: imprevisível.
“Qual é a moral? Qual vai ser o final dessa história?Eu não tenho nada pra dizer, por isso eu digo. Eu não tenho muito o que perder, por isso jogo. Eu não tenho hora pra morrer, por isso sonho.” Rita Lee diz que são coisas da vida, que a gente não sabe se vai ou se fica. Não é o meu caso. Eu sempre soube que iria.
12 comentários
Parabéns Fernanda acima de tudo pela determinação para correr atrás dos seus sonhos.
Obrigada, Gustavo!
Sair do seu pais e viver em outros lugares é uma experiência
que só se “termina” quando você volta para o seu canto.
Isso te faz uma pessoa melhor e lugares como o Brasil precisam muito de gente como você.
Tem que voltar para ser perfeito. A saudade do que foi vivido é muito gostosa.
Texto maravilhoso.
Fernanda, sempre acompanho seu blog, já aproveitei várias de suas dicas nas minhas viagens. Compartilho de sua maneira de encarar o mundo e a necessidade conhecer novos lugares. Seus textos, cheios de reflexões pessoais, são inspiradores. Parabéns.
Com certeza, so quem ja morou fora sabe beeem o q vc esta falando! Voltei ha 5 anos e sempre me pego pensando nisso…
Parabens pela determinacao e principalmente por dividir isso conosco e nos ajudar 😀
Viva a liberdade!!
Fernanda,
Lindo post, parabéns! Me identifico bastante com o que escreve, há 5 anos fui morar na Europa (Coimbra) por um ano e a minha vida mudou radicalmente, realmente foi um divisor de águas!
Bjs
Parabéns pelo texto e pelos dez anos de Europa! Adoro seu blog, Fernanda!
Obrigada pelo carinho!
Bravo!
A vida quer da gente coragem!
Isso não lhe falta. Percebi nos tantos anos que acompanho suas andanças através do seu blog.
És inspiradora.
Obrigada Fernanda.
Adri,
Acho que só minha mãe lê o blog há tanto tempo. hahaha
beijos
Olá Fernanda! Que texto maravilhoso! Confesso que me arrepiei em certos trechos, isso pode ter acontecido porque tenho o pensamento bem parecido com o seu, senti cada palavra, você é um exemplo para mim. Tenho 22 anos e vou fazer minha primeira viagem para o exterior, vou para os EUA e estou muito empolgada.
Lerei muitos posts seus! Parabéns!
Que legal! Vai curtir bastante.