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A vida em Londres – parte II

por Fernanda

Já falei aqui nesse post que nem tudo foram flores, mas depois da minha temporada em Londres, aprendi que não há rosas sem espinhos.

Essa é a minha experiência, que pode ser completamente diferente da experiência do seu amigo, do seu primo, daquela pessoa que você conhece e mora em Londres. O que eu acho a respeito disso tudo? É preciso ponderar quanto vale seu sonho de morar lá. O meu não tinha preço, o que também não quer dizer que não tenha me custado muito.

Diante da impossibilidade em arranjar um emprego na minha área, eu fui fazer o que muita gente faz. Trabalhar com function (eventos). Apesar de ter sido o trabalho mais difícil da minha vida, talvez tenha sido o trabalho que mais me ensinou. Como assim? Isso não é ser garçom? Então, é exatamente por isso que acho que sou o que sou hoje. Acho de verdade, que o brasileiro de maneira geral, precisa evoluir muito nesse quesito, começando com o fato de chamar qualquer profissão que não seja de escritório de “subemprego”.

Tenho muitos amigos gringos que são garçons, bartenders, pedreiros, babás e levam uma vida tão digna quanto quem bate cartão das 09:00 às 18:00 em grandes empresas aqui no Brasil. Sim, eu também estou ciente da diferença gritante que existe entre o padrão salarial de um garçom aqui e um garçom lá e espero que um dia a gente seja mais “Europa” nesse sentido.

Só que também quero alertar que ser garçom em Londres não vai te permitir ter uma vida cheia de luxos. Infelizmente não vai. Londres é cara e eu vou bater nessa tecla sempre que possível, porque muita gente me pergunta por e-mail como que é a vida por lá.

Eu sei que tem muita gente na internet escrevendo sobre morar no exterior. Como sugestão, acho válido avaliar que tipo de emprego a pessoa tem, que tipo de visto ela tem, a fluência da língua, se ela fez mestrado lá fora, se casou com um estrangeiro, etc e etc. Conheço muita gente que foi para Londres e quebrou a cara (eu sou uma delas). Assim como conheço três pessoas que estão em Londres há alguns anos e estão super bem.

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Uma delas está fazendo faculdade por lá. Tem um emprego bom e hoje divide o apartamento apenas com o namorado. Sei que essa frase vai causar espanto, mas conheço gente casada que está em Londres há 10 anos e ainda divide casa com outras pessoas. Acontece muito mais do que vocês imaginam. Também tenho um amigo que está lá, trabalha como designer e está super bem. E o último, é um amigo português, que foi parar em Londres por causa da crise em Portugal. Também parece estar bem, só que a área dele é uma área relativamente muito tranquila para conseguir emprego – informática.

Então, cada caso é um caso. Apesar de nada ter sido do jeito que eu queria na época que morei lá, ainda foi uma experiência legal, mesmo tendo me custado muito caro. Por motivos de força maior e por envolver outras pessoas, não posso ficar aqui escrevendo sobre tudo que aconteceu. Mas para resumir uma história muito longa – não recomendo para quem vai fazer intercâmbio, ir com um amigo e morarem na mesma casa. A chance de stress é alta. Foi o que aconteceu comigo. Hoje essa pessoa nem é mais minha amiga, porque a gente brigou enquanto estava lá.

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Nós divídiamos o quarto em 3 pessoas. Era um horror! Não tenho outra palavra para colocar aqui. E mesmo assim, o aluguel ainda era caro. A gente teve a brilhante ideia de morar na zona 1 (para quem não sabe, Londres é dividida por zonas e quanto mais perto do centro você estiver (zonas 1 e 2), mais caro você vai pagar). E nosso bairro era sofrível também, apesar de ser bem localizado. E o apê era um lixo! Rato era default. A cada banho que eu tinha que tomar, eu me preparava psicologicamente para encontrar um deles. Nojo define!

E para ajudar, eu não ganhava bem. Os eventos não eram constantes. Tinha semanas que eu trabalhava todos os dias e tinha semanas que eu não trabalhava nenhum. Essa foi a época da minha vida que eu mais comi no Mc Donald’s (santo pound saver menu – alguns itens custavam 1 libra).

Porém, não foram só espinhos. Alguma coisa boa tinha que sair disso tudo. Trabalhei em eventos muito bons como Cirque du Soleil, Brit Awards (pude ver uma das 3 bandas que mais amo no mundo – Franz Ferdinand) e fui garçonete até de um evento para a realeza (era um chá das 5, mas a rainha não estava).

Se eu voltaria? Só se fosse para ganhar muito bem. Talvez isso nunca aconteça, então eu continuo economizando os reais, para converter em libras e poder passar férias lá, aproveitando Londres do jeito que ela merece ser aproveitada. Londres é maravilhosa e é a cidade que mais amo no mundo, mas até o amor tem limite e por ora, meio que cansei só de lembrar de todos esses perrengues.

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28 comentários

Suelen 2 de outubro de 2013 - 13:31

Achei mto bacana esse seu relato sincero, Fer. Muita gente vai fazer intercambio iludida, achando que vai ser tudo perfeito, e muito raramente (acho que apenas para alguns muito sortudos) dá tudo certo.
Mas o crescimento pessoal, realmente, é sempre o que mais vale a pena.

Abrs.

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Fernanda 2 de outubro de 2013 - 16:00

Assim como tem muita gente que vai bancada pelos pais, não trabalha e não dá o menor valor para a experiência. Cansei de atender alunos desse tipo quando trabalhava com intercâmbio na Austrália. Uma pena (não sei se sinto mais dos pais que jogam o dinheiro no lixo ou do intercambista que não sabe aproveitar a chance).

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Gabi 2 de outubro de 2013 - 14:00

A visão do brasileiro com relação aos “subempregos” vai mudar no dia em que todo mundo se olhar por igual… Sobre isso, tem um texto que eu adoro, escrito por um brasileiro que mora na Holanda: http://blog.daniduc.net/2009/09/14/da-relacao-direta-entre-ter-de-limpar-seu-banheiro-voce-mesmo-e-poder-abrir-sem-medo-um-mac-book-no-onibus/

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Fernanda 2 de outubro de 2013 - 15:58

Aham. Já li esse texto do Ducs. Achei sensacional!

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Ricardo 2 de outubro de 2013 - 14:10

Vc foi pra Londres ja italiana e com um ingles bem bom, pq a chance de trabalhar na sua area era impossivel?

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Fernanda 2 de outubro de 2013 - 15:57

Eu achava que meu inglês era bom, mas não era. E para minha antiga área (marketing) pesa muito a experiência local. Outras áreas como design pesa o portfólio independente do teu país de origem e informática (IT) pesa competência. E a lista é longa. Depende muito da tua área de atuação. Se eu trabalhasse com publicidade na época e tivesse um portfólio, acho até que teria rolado mesmo com um inglês mais ou menos.

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Ricardo 4 de outubro de 2013 - 14:35

Ah sim, foi o que rolou comigo. Meu portfólio é bom, tenho cidadania tb e meu ingles era malemá (agora ta melhor), consegui trampo mesmo assim..o peso foi portfólio + passaporte

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Fernanda 6 de outubro de 2013 - 13:12

Sim, para áreas que o portfólio vale mais do que o CV, é muito mais fácil.

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Danielle Bispo 2 de outubro de 2013 - 14:37

Oi Fernanda

Muito bom seu post. Excelente para mostrar para os brasileiros que acham q imigrar é um conto de fadas.

bjs
Dani

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Fernanda 2 de outubro de 2013 - 15:56

Nunca foi e nunca será. rs

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Gleison 2 de outubro de 2013 - 15:01

Muito bacana seu post, ja tive muita vontade de me aventurar pelo mundo assim como você fez em Londres, e é bom saber que nem tudo é esse mar de rosas que lemos na internet. Hoje em dia prefiro juntar meus reias e ir desfrutar dos lugares o máximo de tempo que puder e trazer todas as lembranças e aventuras comigo 🙂

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Fernanda 2 de outubro de 2013 - 15:55

Como eu disse, tem de tudo. Só que é muito mais comum escutar (no caso ler) só a parte boa.

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Jéssica 2 de outubro de 2013 - 15:20

Tenho tanto medo de me mudar pro lugar dos meus sonhos (que graças a Deus é SP – motivo pelos quais muitos me condenam. Ouço todos os dias “São Paulo? Te orienta! Sonho seria viver em Paris, Londres, New York e blablabla) e acontecer coisas semelhantes 🙁 Mas me consolo com a certeza de que no fim, tudo é exatamente do jeito que deveria ser!

Ps.: Não me canso de amar esse blog. A cada post um sentimento de satisfação toma conta de mim.Tão bom ler algo bem escrito e sem interesses comerciais acima da qualidade e da pessoalidade. Bjs!

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Fernanda 2 de outubro de 2013 - 15:54

Ah! Somos duas. Meu novo sonho é São Paulo e to nem aí para o que as pessoas falam. rs

Já deixei claro minha política comercial – só aceito o que realmente acho que será interessante para os leitores e quando faço uma viagem patrocinada, eu continuo ponderando o que foi bom e o que não foi. Para mim, era assim que todos os blogs tinham que ser. Pena que não são.

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Jéssica 2 de outubro de 2013 - 22:55

Pena que não são mesmo, mas graças a Deus temos poucos e bons como o seu! \o/ Bjs!

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Fernanda 3 de outubro de 2013 - 11:55

Fiquei até vermelha agora.

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Carol 2 de outubro de 2013 - 16:37

Eu morei um tempo em NYC, onde era babá, e voltei com o mesmo pensamento… que isso era subemprego, que eu deveria arrumar alguma coisa na minha área que fosse me fazer feliz… mas faz 4 anos que voltei e essa realização profissional nunca aconteceu. Sou feliz por outras razões, estou perto da minha família, tenho um relacionamento feliz… mas não consigo parar de comparar o que fazia lá com o salário de babá e o que faço aqui com o salário que recebo…

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Fernanda 3 de outubro de 2013 - 11:56

É, eu voltei por outros motivos, mas também em busca dessa realização profissional e até hoje não me realizei profissionalmente. Sei como é.

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Giulia 3 de outubro de 2013 - 10:15

É uma pena mesmo que aqui no Brasil ainda exista essa diferença gritante entre trabalho de escritório e outros trabalhos. Passei uma temporada fora trabalhando em um café e ganhava o mesmo tanto que no escritório aqui. E eu gostava muuuuito mais de trabalhar no café do que no escritório. O duro é voltar e ver que se eu for trabalhar com coisas que gosto não conseguiria sobreviver aqui…

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Fernanda 3 de outubro de 2013 - 11:55

Também já pensei nisso.

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Adenilso 3 de outubro de 2013 - 17:29

Oi Fernanda. Eu conheci alguns brasileiros em Londres e desses a maioria passaram pelos mesmos problemas.Eu gostei muito do tempo que vive la, realizei alguns sonhos, mas como tudo tem um preço, para viver em Londres e necessario enfrentar e vencer muitos leões por dia. Eu morei em East end proximo da Brick lane.
Sempre entro no seu blog acho bem legal.

Um grande abraço.

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Fernanda 6 de outubro de 2013 - 13:14

Resumiu bem – é preciso vencer muitos leões por dia. Concordo!

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Heloisa Righetto (@HeloRighetto) 9 de outubro de 2013 - 11:35

Oi Fernanda – muito bacana seu relato, eu sempre tento ser muito honesta com quem me escreve perguntando como é a vida aqui. Tento avisar que nem tudo sao flores, como vc disse, mas nem sempre a turma aceita numa boa, afinal a maioria quer apenas se reafirmar, já que esta com a cabeca feita. Enfim, vou comecar a mandar o link para esse seu texto : ) bjs, Helo

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Fernanda 10 de outubro de 2013 - 19:02

Oi Helo!
Já fui dessas. rs
E sei que também não adianta falar, mas acho válido contar o outro lado da história, porque vai que ajuda alguém. Obrigada pela divulgação. bjs

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Ana Six 10 de outubro de 2013 - 12:09

Ai, to adorando essa parte de Londres. Eu já fui pra lá duas vezes e na última morei por um mês e queria morar pra sempre!
Pena que sou advogada então trabalhar lá nessa área é praticamente impossível. Mas acho aquele lugar incrível!
bjs

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Fernanda 10 de outubro de 2013 - 18:57

Pois é…praticamente impossível mesmo. Mas a gente continua voltando. rs

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Danielle 30 de janeiro de 2014 - 17:33

Ola!

Faço informática. Torço muito para ser relativamente fácil assim mesmo, mas tenho muito medo e reservas de tudo das errado e eu não ter depois mais dinheiro para ourras empreitadas. Penso muito em ir para o Canadá, onde tem mais empregos para imigrantes e a política de imigração é convidatida.

Queria perguntar uma coisa muito específica, que nao descubro em lugar nenhum. Não tenho cidadania européia. Meus bisavós eram espanhois e portugueses, mas ninguém nunca correu atras de buscar a cidadania, então agora eu como bisneta não posso mais tirar. Minha dúvida é se tem chances para alguém sem cidadania no UK.

Você saberia dizer isso, conhece pessoas nessa situação, etc?

Obrigada desde já, amei seu blog!

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Fernanda 31 de janeiro de 2014 - 13:11

Antigamente até tinha um programa assim no UK, mas hoje não tem mais. Acho que no seu caso seria melhor Canadá e Austrália que ainda possuem esse programa de visto para pessoas qualificadas.

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