Eu costumo dizer que a diarreia no Sudeste Asiático é grátis. E o fenômeno tem nome: Diarreia do Viajante. É algo comum, principalmente em regiões quentes. Eu admito que pensei que sairia ilesa. Durante minha volta ao mundo, passei por 7 países do Sudeste Asiático e foi só no Vietnã que tive meus dias de rainha.
Nunca pensei em publicar um post específico sobre o assunto, mas uma amiga me contou a sua saga recente no Sudeste Asiático e eu não resisti. Pedi autorização para publicar a história omitindo o nome verdadeiro dela. É aquela máxima: quem não passa perrengue, não tem história para contar.
Para manter o anonimato, vamos chamar a minha amiga de Amanda.
O que você precisa saber antes de viajar para a Tailândia
Diarreia do Viajante: o relato da Amanda
Parte 1: o repolho
Ah, a Ásia! Que lugar incrível! Cores, sabores e temperos diferentes. No começo dá nojinho de comer nas barracas de rua, afinal vai saber a procedência da comida. E a higiene? Não podemos esquecer da higiene. Pensando na higiene, o lugar certo para comer era no restaurante do hotel e lá fui conferir o buffet de café da manhã.
Realmente incrível e bem completo. E, uma vez na Ásia, por que não incorporar o espírito asiático e ingerir comidas típicas no café da manhã? No momento que peguei aquele noodles com repolho percebi que talvez não fosse a melhor escolha do dia.
Terminado o café, partimos para o shopping MBK (dica da Fernanda). Para resumir o que é aquele shopping: uma perdição! Minha mãe parecia ter chegado ao paraíso. Estava tão encantada com as lojas que pareceu não escutar que eu precisava ir ao banheiro.
Lá pelas tantas, eu falei para o meu primo: preciso encontrar um banheiro. Estou apertada! Eu estava vivendo – literalmente – aquele momento do “o que é um peido para quem está cagado”.
Parte 2: o banheiro
Se tem uma coisa na vida que nunca decepciona é Murphy. Pode ter certeza que se você estiver com pressa para ir ao banheiro, Murphy dará um jeito de colocar um milhão de empecilhos no seu caminho.
Eu já estava trançando as pernas, me contorcendo para não cagar – literalmente – nas calças. Quando finalmente cheguei ao banheiro, rolou aquele equilíbrio básico para não encostar no vaso. O pior é manter a concentração e pensar: não posso encostar no vaso, mas também não posso cagar nas minhas pernas.
O estrago foi grande. Senhor! A diarreia na Ásia é realmente grátis.
Depois de todo o sufoco, eu olho para o lado e cadê o papel higiênico? Não, Murphy! Pqp! Tá! Ok! Nem tudo está perdido. Já vi em vários banheiros aqui da Tailândia um esguicho de água. É só encontrar o “jatinho” e esperar secar. Vai secar rápido, afinal aqui faz 50 graus na sombra.
Não, não tinha jatinho. Resolvi apelar e comecei a gritar: mãeeeee? Mãe, você tá aí? Preciso de papel. Uma chance para você adivinhar a resposta. Eu estava gritando que nem uma louca para as paredes.
Não tinha mais o que fazer. Precisava ser criativa. Qual seria o seu primeiro pensamento? As meias, claro! Mas quem é que anda de meias quando está em um país com sensação térmica de 50 graus? Decidi então me limpar com a calcinha, afinal estava em um shopping e seria muito simples comprar uma nova (e também um lenço umedecido, uma toalha, uma roupa nova e quem sabe a dignidade).
Parte 3: a loja de calcinhas
Depois de perder a dignidade, saí do banheiro e lá estava ela: uma loja de calcinhas. Era o universo conspirando a meu favor. Entrei na loja e os modelos disponíveis estavam mais para dançarinas de show de Ping Pong do que para pessoas normais. Não rolava comprar uma daquelas.
Não demorou muito e encontrei minha mãe. Ela carregava umas 20 sacolas de compras e infelizmente em nenhuma delas tinha calcinha.
Voltamos para o hotel, tomei um banho e pensei: isso que dá sair de havaianas. Se tivesse saído de tênis, as meias poderiam ter salvado o dia.
Meu conselho: um pacote de lenço descartável nunca é demais na Ásia assim como um álcool gel. A gente nunca sabe quando será acometido por um desconforto intestinal. E evitem repolho – apimentado – no café da manhã.
Parte 4: o retorno
Tive mais duas ocorrências similares na Malásia e Indonésia mesmo não comendo mais repolho durante a viagem. Foram ainda piores porque o banheiro não era ocidental. Era aquele banheiro turco, com um buraco no chão. Mas felizmente não precisei recorrer a meias e calcinhas. Os banheiros tinham papel higiênico e eu passei a carregar um pacote de lenços descartáveis na bolsa.
Quando eu contei essa história para a Fernanda ela quase fez xixi nas calças e me disse que um amigo dela também precisou utilizar a cueca para se limpar na Índia. #tamojunto
Saldo: amei o Sudeste Asiático e quero muito voltar (apesar do desconforto intestinal). Voltei para o Brasil 3 kg mais magra.
Como prevenir a diarreia durante a viagem
Nada é garantido, mas não custa nada se prevenir e minimizar os riscos (até mesmo de ter uma infecção mais séria e ter que parar no hospital como aconteceu comigo na Tailândia).
– Beba água mineral engarrafada;
– Evite bebidas com gelo (principalmente das barraquinhas de rua);
– Se for fazer passeios na praia, evite comer com as mãos sujas após colocar a mão na areia, entrar no mar, etc. (o médico acha que a minha infecção na Tailândia ocorreu por causa disso);
– Lave as mãos antes das refeições (melhor ainda carregar um álcool gel na bolsa/mochila);
– Evite comer carnes cruas;
– Verifique a higiene do local (sei que muitas vezes é impossível não comer nas barraquinhas de rua, mas sempre tem as mais “ajeitadinhas”).
E você? Já passou mal em alguma viagem? Tem alguma outra dica para evitar todo esse desconforto?
*Foto em destaque retirada do site Shutterstock.
14 comentários
hahahahaha caguei! De rir é claro.
Que medo, já vou me precaver e andar sempre com papel e evitar as comidas de barraquinhas. A dica do gelo foi ótima, eu sempre peço todas as bebidas com gelo.
Seguro de viagem é bem importante mesmo!
Eu admito que amo muito as comidas das barraquinhas, mas depois que fui parar no hospital fiquei com um pé atrás.
Acabei de cotar o seguro para 15 dias para minha viagem. Realmente é uma burrice não contratar em vista da cobertura e preço. Uma garantia de viagem. Mais perto da data, eu compro. Só esperando desafogar o cartão. rs
Morei em Singapura e viajei td o Sudeste Asiatico, nunca passei mal. Uma dica importante pra mim é o escovar os dentes com água mineral e nunca deixar água do banho entrar na boca.
Mano do céu.. só de ler brota aquele suor na testa. Devo dizer que não precisei ir pro Sudeste asiático pra passar um perrengue… Comigo rolou forte em Cuba. Enquanto estávamos em Havana, no começo da viagem, Mati teve uma semi diarreia, nada grave. Num outro dia fomos numa praia lá perto, e chegando eu tive que correr pra um hotel, naquela fúria de que daqui 5 segundos vou fazer nas calças. Mas aí passou, tudo bem. Quando fomos pra Cienfuegos, num dia lá, mandei um frango de volta pra cozinha porque estava cru – e não terminei de comer mesmo depois de retornado. Porém eu já tinha comido uns pedaços, né. Aí batata.. dia seguinte uma diarreia da que las, que eu tinha que parar, me concentrar, pra não fazer coco no meio da rua. Não conseguia chegar num banheiro direito, foi horrível. Horas depois que começou pra mim, começou rpa ele também. Passamos 2 dias trancados no quarto, se revezando no banheiro. E fizemos tudo by the book: água engarrafada, comendo em lugares com cara de limpo, bebida sem gelo. Ou seja.. o negócio é levar uns remédios pra diarreia e andar com papel higienico no bolso. Não tem outra solução.
Isso de ter que sair na fúria para o hotel já aconteceu comigo. E aquele medo que talvez não dê tempo? hahaha. É horrível! Mas o negócio é mesmo carregar papel higiênico porque a gente nunca sabe quando irá precisar. hahaha
Minha primeira diarreia em viagem ocorreu na última que fiz, para Cabo Frio – RJ nas férias de janeiro. E acho que foi por causa de gelo que pedi em uma barraquinha de praia! O trem foi tão feio que diarreia vinha junto com vômito, e aí eu tinha que sentar no vaso e sujar o chão com o vômito (acho que limpar vomitado é menos pior que limpar cocô). Tive que ir para o hospital tomar soro e remédio na veia. Sarei rápido, mas foi muito tenso.
Gente, que sufoco!
Fernanda, desculpa, mas eu ri muito com seu relato, esse tipo de coisa é tão capaz de acontecer comigo durante todos momentos da minha vida que adotei a lei de Murphy como minha filosofia de vida e até batizei minha cachorra com esse nome kkkkkk
Eu sou extremamente sem imunológico para viajar, é só sair do meu estado e comer um pouquinho diferente que passo mal – não estou exagerando -. Passei uma noite inteira no banheiro do hotel quando viajei para Colômbia, e um bom tempo com a cara enfiada em uma sacola na minha viagem pro Chile, e olha que a culinária deles nem é tão diferente da nossa.
Vou em março para Tailândia sem saber falar inglês ou tailandês e meu marido está preocupadíssimo com isso, mas eu estou apenas preocupada com a comida. Qual é sua dica para alimentação lá? Repolho já não vou comer, mas o que evitar… Onde ir? Existem muitos restaurantes com o nosso tipo de comida? E a pimenta? É tão forte quando dizem que é?
A Tailândia é bastante preparada para o turismo, então se você pedir sem pimenta – “not spicy” – eles não colocam. Se você não gosta ou não pode comer pimenta, peça sempre sem porque é forte sim. E tem bastante restaurante ocidental por lá caso você não se adapte à culinária local. Eu particularmente adoro a comida tailandesa.
Ahahaha!!! achei que ia passar mal de tato rir, o fato em si é bem complicado, mas a forma que tá escrita!! foi hilário… muito bom!!
hahahaha. Não é fácil ter piriri em viagens.
Tive uma infeccão intestinal tão séria em Koh Phi Phi, precisei me entupir de antibitótico pq precisava sair da ilha no dia seguinte (e ja nao tinha mais vaga no hotel que eu estava), eu nao conseguia chegar no hospital (nem se quer andar pq evacuava demais), tripliquei a dose do antibiótico e com isso lesionei meu intestino. Tem 2 anos e até hoje ele nao é normal. Levem sempre Carvão Ativado (Carverol nas farmácias, custa 18 reais e ajuda a desintoxicar).
E lá em Phi Phi nem tem hospital, só uma clínica mais ajeitadinha. Imagino o seu desespero.