(Para acompanhar o post de hoje, sugiro a leitura desse post)
Então, eu cheguei na Itália e até que falava um italiano razoável. Quer dizer, defina razoável. Eu tinha feito 2 anos de curso aqui no Brasil e me virava no básico, oi, tchau (que por sinal é a mesma palavra em italiano) e em frases mais simples, mas ninguém tinha me preparado para os dialetos.
E quando eu cheguei na casa dos meus parentes percebi que não era bem italiano que eles falavam. Era o dialeto do Veneto. Olha, não entendia nada do que os velhinhos falavam. Por sorte, os filhos que eram um pouco mais ‘jovens’ falavam italiano.
O conselho que eu dou para qualquer pessoa que quer aprender uma língua estrangeira é ir para o país e ficar na casa de gringos (e preferencialmente não fazer amizade com nenhum brasileiro).
Não demorou muito para meu italiano melhorar consideravelmente, até porque eu tinha decidido fazer todo meu processo de reconhecimento da cidadania italiana sozinha e eu precisava falar constantemente com as pessoas do comune. E eu fui a primeira pessoa a fazer o processo no comune (prefeitura) que eu escolhi. Deve ter sido por isso que tudo saiu tão rápido, pois a funcionária estava bastante motivada para fazer alguma coisa fora do comum. Bom, também tenho que admitir que o fato do meu primo ter sido prefeito na cidade também agilizou bastante o processo.
Eu tive três fases na Itália – a fase que eu morei com os parentes numa cidade minúscula e que foi o lugar que todos meus parentes italianos nasceram. Essa fase foi definitivamente a mais emocionante. Minha mãe tem um quadro com uma foto de um casarão antigo dessa cidade e quando eu passei na frente comecei a chorar. Fiquei bastante emocionada. Era o tipo de coisa que eu achava que nunca se tornaria real. Fico realmente feliz de ter tido a chance de conhecer as duas cidades de onde meus avós vieram (tinha conhecido Guimarães em Portugal uns meses antes).
Depois, eu fui para Pádova que é uma cidade universitária. Fiz um curso rápido de italiano para estrangeiros e aí eu recebi uma proposta para ser babá de duas crianças numa cidade pequena perto de Firenze (desculpa, mas não gosto do nome Florença).
Olha, essa fase não foi das melhores até porque eu não combino com crianças. Só topei o ‘desafio’ porque precisava de dinheiro. Mas o emprego durou exatas duas semanas e eu pedi demissão e voltei para Pádova. Já tinha conhecido um amigo no orkut (já deu para perceber que sou viciada em internet) e ele trabalhava numa fábrica de equipamentos eletrônicos. Na verdade, essa fábrica produzia umas peças para computador e a gente ficava lá montando essas peças. Tirando o emprego de babá, diria que esse foi o segundo pior emprego da minha vida.
Mas apesar de nada ter sido muito glamuroso na Itália, eu sinto saudades de quase tudo. Acho que todo mundo deveria ter a chance de morar uma temporada por lá. Para mim, a Itália é o país mais lindo da Europa (entre todos que conheço). Tem montanha, tem cidades históricas, tem praias lindas, tem comida boa, tem gente bonita e para mim, nenhuma língua no mundo é mais bonita que a língua italiana. Ou seja, a Itália é top! Pena que a crise não esteja colaborando e não seja tarefa muito fácil arranjar um emprego legal por lá, mesmo para quem tem toda a documentação e fala fluentemente a língua.
Só sei que se um dia eu ganhar na mega sena, muito provavelmente eu compre uma casa em alguma das cidadezinhas da Toscana e fique por lá, só vendo a vida passar.
Das lembranças mais legais que tenho da última década estão as longas conversas que eu tinha com meus parentes italianos (infelizmente um deles morreu recentemente). Eles me contavam como era a vida na época de crise e porque metade da família resolveu emigrar. E sempre virava um “Efeito Borboleta” – e se eles tivessem ficado? E se nós tivéssemos ido também? Ninguém nunca irá saber que fim teria essa história, mas pelo menos tivemos a chance de nos conhecer e perceber que mesmo que um oceano tenha separado a família, a vida quis que a gente se encontrasse de novo.
27 comentários
È, sonho em morar la…mas com a crise me da medo. Nao que a Irlanda esteja muito melhor, mas ainda ta melhor que a Italia.
É, infelizmente a situação na Itália não é das melhores.
sob o sol de toscana… rsrsrs
Mais ou menos isso…rs
Que história bonita… Quero mto conhecer a Italia um dia. Mas me diga uma coisa, é verdade que os italianos são meio grosseirões com os turistas? Tenho lido isso com muita frequencia em blogs por aí.
Bjus!
É o jeitão deles mesmo, não quer dizer que sejam grossos com os turistas. Eles são desse jeito mesmo. Eu fui sempre muito bem tratada, mas é fato que eles não falam nada além de italiano.
Foi o que imaginei, sabe… Acho que é a mesma coisa que dizer que os londrinos são frio e os franceses arrogantes, né? É só o jeito de ser do povo. E os brasileiros, o que eles falam de nós na Europa?
Bjus!
Nem queira saber o que falam. hahaha
Fernanda, eu amo esse lugar e queria muoto residir por lá
Se eu ganhasse na mega seria perfeito. Rsrs Compartilho com vc sobre os dialetos, o que é aquilo??? Dai vc pensa eu não sei nada de italiano. Tive a oportunidade de escutar alguns, os do sul da italia são péssimos para entender. Essa foi a minha percepção. Agora, escutei uma menina de 5 anos falando o dialeto de Bergamo e me apaixonei, achei tao lindo seus gestos. Muito bom. Já quero voltar!!!!
Os dialetos são coisas de outro mundo. Eu acho tão lindo as crianças gesticulando na Itália. rs
Olá Fernanda. Adorei seu blog! Muito bom! Parabéns pela iniciativa de ajudar-nos a conhecer um pouquinho do mundo e planejar viagens!
Eu gostaria muito de uma dica sua.. Estou pensando em me inscrever para o Ciências sem fronteiras, você conhece? Um programa de universidades, onde você fica 1 ano estudando fora. Enfim, existem inúmeros países para escolher.. e eu estou em dúvida da Itália, Nova Zelândia, França, Canadá ou Austrália… Você poderia me indicar qual você acha mais apropriada para uma estudante, jovem que procura lugares calmos porém com bastante turismo, que não ganha muito e só fala inglês (embora eles paguem um mini curso da língua antes da viagem). Sua opinião seria muito útil! Obrigada
Olha, nem na França e nem na Itália eles falam inglês em todos os lugares. Eu acho que é mais fácil aprender italiano.
De todos esses países eu só não conheço o Canadá. Pergunta muito difícil, pois se você quer conhecer a Europa teria que ser Itália ou França. Eu amo a Itália.
Já morei na Austrália e acho que é muito isolada do mundo e é caro viajar lá dentro.
NZ – eu amoooooo! Só que tem o problema de ser afastada do mundo também. No máximo você poderia viajar para Austrália. Fiji e Sudeste Asiático, mas se teu foco é Europa…
Acho que confundi ainda mais a sua cabeça, mas eu iria para Itália ou NZ.
Ah.. levando em consideração que sou maluca para conhecer a Europa! (post acima)
Fernandinha, você moraria na Itália ou na Espanha? Como é a vida na Itália? Você acha que com 700$ euros por mês dá para ficar bem ? E para viajar para os países vizinhos, é muito caro? é acessível ? Como funciona? bjjjjjjs! Adoro seu blog
Mas nesse post mesmo eu falei que morei na Itália em 2005. Não tenho a menor ideia de como estão os custos hoje.
Paola, uma renda de 700 euros/mes não lhe trará grandes confortos, especialmente se for em Milão ou em Roma. Nessa faixa de preço você conseguirá alugar um quarto em um apto com mais 2 pessoas por uns 300-400 euros. O cartão de transporte vai ser uns 20/mes. Cada drink fora de casa: caro=10, médio=5, barato=3.
Viajar para países próximos: depende como vc vai, e se fica em hostel de 12 euros na capital da Eslovênia ou em hotel de luxo na Markt Square de Leipzig. Mas não posso dizer que é barato. Se você quer conhecer vários países, ficará caro sim, especialmente hospedagem em hotel. Hostels são mais baratos, o que pode ser uma boa. O transporte não é tão caro, você sempre acha vôos baratos. Algo que aconselho é fazer essas viagens com pessoas que estão dispostas a gastar o mesmo tanto que você.
Fonte: 15 meses estudando um MBA lá – 2012-2013
Obrigada pela contribuição, Danilo.
Olá, onde vc está morando neste momento?
No Brasil.
Olá Fernanda,
Estive lemdo seu blog e vi que voce tem um ascendente português e outro italiano.Minha mãe é neta de portugues por parte de mãe e de italianos por parte de pai.
Sim, uma das minhas avós era portuguesa da cidade de Guimarães.
Ola Fernanda. Você ja fez alguma vez – Italia x Grecia?
Saberia orientar se vale a pena essa viagem?
Não! Mas é o que quero fazer no ano que vem. Acho que vale a pena sim.
Olá Fernanda, tudo bem? Tu fez tua cidadania italiana em que cidade?
Estou juntando dinheiro para no fim do ano fazer a minha.
Teria alguma dica extra pra quem tem interesse na cidadania?
Fiz numa cidade bem pequena entre Pádova e Veneza. Santa Maria di Sala.
Olá Fernanda, estou preparando a minha documentação para entrar com o pedido de reconhecimento da cidadania italiana. Meu antepassado que veio da Itália nasceu em Santa Maria di Sala também e eu estava pensando em fazer o processo lá. Pode me contar como foi a sua experiência e, se possível, passar qualquer informação que possa me ajudar?
Muito obrigado!
Foi muito tranquilo, mas faz 12 anos. Não sei te dizer como está hoje.