Recentemente estive em Foz do Iguaçu e percebi o quanto minha geração e as anteriores foram felizes na infância/adolescência. Parece que hoje em dia tudo se resume às famosas selfies. Na entrada do Parque Nacional do Iguaçu você é direcionado para um ônibus que faz todo o trajeto até as Cataratas. Peguei o ônibus com um grupo de uns trinta adolescentes. Aparentemente era uma excursão escolar.
Além da poluição sonora (característica da idade), a grande maioria tinha um celular na mão. Era selfie de tudo que é jeito. Duck face, símbolo da vitória, careta, beijinho no ombro e por aí vai.
O caminho até as Cataratas é bem interessante, mas poucos perceberam que estavam prestes a conhecer uma das sete maravilhas da natureza. Os dois rapazes da minha frente perceberam. Escutei um comentando com o outro o quanto era legal a experiência. Apenas dois em um grupo de trinta, mas já é um começo.
Quando finalmente chegamos nas Cataratas, pensei: quem sabe agora eles se toquem que estão em um dos lugares mais bonitos do mundo. Doce ilusão! Ainda cruzei com o grupo durante a caminhada e estavam enlouquecidos com as selfies. O pior é que, na maioria delas, as cataratas nem apareciam.
Aí lembrei da primeira vez que conheci as Cataratas. Tinha 19 anos e smartphones ainda não habitavam esse planeta. Nem câmera digital eu tinha na época. Tenho meia dúzias de foto do dia, mas até hoje consigo lembrar o que senti. Foi incrível!
Voltei ainda mais no meu túnel do tempo. Voltei para a época da escola. Lembro com detalhes das viagens e excursões que fizemos. Quando muito, gastávamos um filme de 36 fotos. Sempre em grupo, porque era caro revelar. A maioria saía tremida ou com um dedo na frente, mas o importante era o momento que estávamos vivendo.
O problema das selfies em excesso não é só dos adolescentes (e das Kardashians). Conheço adultos que aparentemente viajam só para isso. Em tempo: também tiro selfies. Quem não tira? Tenho um pau de selfie e gosto de fazer registros da minha pessoa em determinadas atrações até porque viajo muito sozinha, mas faço com moderação.
Viajar é muito mais do que isso. Ainda sou daquelas que viaja para conhecer novas pessoas e novas culturas. Gosto de sentar no banco da praça e observar o movimento. Gosto de entrar em restaurantes locais e comer algo que nunca comi antes. Gosto de curtir o momento. A maioria desses momentos fica só na minha memória e mesmo assim são inesquecíveis.
14 comentários
Excelente observação! E em show, que o povo não assiste, só filma? Coisa mais bizarra! Foto é legal, e tal… mas o importante é viver a experiência, né. E não deixar de curtir um negocio pra depois olhar pra foto e pensar “ahhh que legal esse lugar onde tirei foto”… Enfim, o mundo anda bem estranho mesmo!
Teve uma foto que circulou esses tempos. Todo mundo tirando foto (acho que era de um ator) e só uma senhora parada e observando (de fato contemplando a experiência de ver um ator). Triste realidade!
Bem isso! Muito legal tirar fotos, mas bom mesmo é recordar dos momentos que nada nem ngm é capaz de registrar melhor do que a sua memória!
Foo Fighters é uma das minhas bandas favoritas e no último show deles no Brasil, fiz questão de ir “desarmada”: sem celular ou máquina fotográfica! E vou te dizer q senti o show como ngm!
Deve ter sido um show e tanto. Amo Foo Fighters.
Excelente reflexão Fernanda!
Vou indicar a leitura para alguns amigos que digamos são um pouquinho viciados nisso! hehehe
Melhor comentário. risos
Pois é, e eu diria que não são só as selfies… São fotos e vídeos em geral. As pessoas vivem o momento pela tela do smartphone, mesmo estando ao vivo ali. Eu confesso que me sinto assim quando faço algo pelo blog. Vejo o povo na Disney assistindo às paradas e fogos pela câmera, sendo q estão todos ali, podendo ver de perto! Em compensação, em relação às meninas, eu aprendi na escola delas, lá em 2009 no maternal, com uma diretora no primeiro dia das mães. Ela pediu que todas guardassem celulares, máquinas ou colocassem em tripés e dessem às professoras. Pois era o momento de curtir o que as crianças tinham ensaiado por um bom tempo só pra nos mostrar. Desde então eu curto os momentos com as meninas, no final, se der, tiro fotos, peço pra alguém filmar, ou compro as fotos e vídeo depois.
Bacana essa iniciativa da escola. Faz muito sentido. E concordo sobre a parte de se sentir assim por causa do blog, mas tenho tentado “desligar” um pouco. Tire pelo menos 1 dia da viagem para ficar 100% offline. E na vida fora do blog também estou agindo assim. Menos vida virtual e mais vida real.
E vc tem reparado que eu tb estou mais off? Não dá.. ou a gente vive a vida real ou a gente vive apenas virtualmente. Por acaso vi seu post, pois realmente ando muito ausente rs. E adorei ter lido! bjs
Reparei mesmo. E que bom que gostou do post.
Ótimo texto Fernanda! Mas tem como tirar selfie, fotos e também observar tudo ao nosso redor, em penso que há tempo para tudo e gosto de sempre relembrar meus momentos com fotos também! Beijos
Eu amo fotos e tiro várias (até pelo blog), mas o ponto era: tem gente mais preocupada com fotos e vídeos do que viver o momento.
Nossa Fernanda! Falou tuuuuuuuudo o que eu penso/ sinto! Nada contra fotos, vídeos e selfies para eternizar o momento, mas parece que hoje em dia as pessoas fazem DISSO o momento, deixando de aproveitar o que está bem diante dos olhos… E pior que a onda é tão forte que parece que nós somos as “erradas” da história, atrasadas e fora de moda! Fiquei muito feliz em ver esse post no seu blog, exatamente com essa reflexão! Parabéns!
Obrigada, Bia! 🙂