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A vida dá voltas?

por Fernanda

Não sou fã de frases de efeito e quem me conhece sabe que eu não acredito em destino, mas eu definitivamente acredito em karma. Ou seja, eu não acredito que você nasce com uma trajetória pré-determinada, mas acredito que aqui se faz, aqui se paga. Toda ação gera uma reação. A vida é feita de ações e consequências e é determinada pelas oportunidades, mesmo as que perdemos. Isso é o que eu acredito.

Já faz algum tempo que eu tenho notado que certos amigos e conhecidos me pedem conselhos, achando que eu tenho todas as respostas para os problemas deles. É como se eu tivesse uma bola de cristal ou uma fórmula pronta para a felicidade só porque eu tive coragem de largar tudo para viver (nem que fosse por uma única vez) a vida que eu queria e não a vida que os outros queriam que eu vivesse.

Porque infelizmente a sociedade é sacana. Nós temos que estudar e tirar boas notas. Depois nós temos que fazer uma boa faculdade e arranjar um bom estágio. E depois nós temos que ser efetivados. Chegando próximo dos 30 anos, nós temos que ser bem-sucedidos em nossas carreiras e temos que casar. E, se não casar, nós temos que sair da casa dos nossos pais. E, lógico que nós temos que comprar uma casa própria e dirigir o carro do ano e estar sempre sorrindo, porque a vida perfeita envolve tudo isso que falei anteriormente + filhos. Não podemos esquecer dos filhos. Até hoje nunca li em lugar nenhum que nós temos que tirar um ano sabático e viajar pelo mundo. Talvez porque isso não seja interessante para todos. O mais engraçado é que metade das coisas que eu escrevi nesse parágrafo também não são interessantes para mim, mas mesmo assim a sociedade me pressiona diariamente para conquistá-las.

O que eu descobri é que não existe fórmula pronta. Não conheço ninguém que mudou de vida sem tomar uma atitude. Não adianta nada você reclamar da vida, dizer que seu emprego é ruim e que você ganha pouco. A atitude correta seria atualizar o seu currículo e começar a procurar outro emprego. É assim que a vida funciona. Existem pessoas que vivem para reclamar e culpam tudo e todos e não percebem que o problema é com elas mesmas.

Esses dias uma pessoa me falou que é muito infeliz morando em Curitiba e tem como sonho morar em um lugar mais quente, em alguma praia do Nordeste. Aí eu perguntei o que estava faltando para ela tornar esse sonho real e ela listou uma série de problemas, dificuldades e etc. que ao meu ver eram totalmente contornáveis, mas em nenhum momento ela falou que não vai porque não tem coragem. O problema nessa história específica está longe de ser Curitiba. Talvez um dia a pessoa perceba isso.

Eu sei bem como é. Já fui dessas. Passei anos da minha vida reclamando de tudo e de todos. Tudo era ruim. Meu emprego era ruim, meus colegas eram chatos, meu chefe era autoritário, Curitiba era uma droga. Até que um dia eu falei tudo isso para minha psicóloga e ela me falou: e o que te impede de mudar de emprego e de cidade?

Muitos anos se passaram desde que ela me fez essa pergunta e a minha volta ao mundo. Demorou muito tempo para eu tomar uma atitude. Não foi fácil e já me perguntaram se eu me arrependi. Sinceramente, hoje eu estaria com muito mais dinheiro no banco se tivesse continuado no meu antigo trabalho, mas teria continuado infeliz. Se eu não tivesse viajado, eu não teria conhecido os que hoje são meus melhores amigos e possivelmente não teria esse blog e também não teria tido as oportunidades que eu tive com ele.

Não é fácil e nem todo mundo precisa sair por aí chutando o balde. Aliás, nem recomendo isso, porque não é todo mundo que tem estrutura para uma coisa dessas. Só acho que as pessoas deveriam ser mais pró-ativas, porque infelizmente reclamar não traz nada de bom para nossas vidas.

Mas, se alguém aqui precisa de palavras motivadoras, eu digo que a vida dá voltas, mas ela gira muito mais rápido quando você decide sair do lugar. Sugiro a leitura abaixo (eu imprimi e uso como mantra na minha vida).

vida dá voltas

 



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29 comentários

Rick 25 de junho de 2013 - 09:04

Seu blog è um dos favoritos no meu Feedly (Feedly, amo vc). E adoro ler suas aventuras e sua historia me inspira.

Tenho 24 anos e tb sou “italiano”…esse ano larguei tdo…pos, emprego estavel e me joguei no mundo. Resolvi fazer intercambio na Irlanda…mudei pra Dublin, consegui emprego numa cidade minuscula no oeste da Irlanda e mudei. TO aqui. vivendo o diferenet todo dia.. e qdo vejo esses planos de sociedade do tipo “hey, qdo vc volta? qdo voltar vai comprar carro? vai voltar rico”. Me da preguica.

Pq estando aqui, eu ja penso na proxima aventura. Na proxima viagem. No proximo intercambio. Por que nao fazer 2? 3? 4? Nada me impede.

Antes viajar do que comprar um carro. Mas ngm entende isso. Eles querem que eu seja estavel, como eels sao.. pra todo mundo ficar igual.

Continue fazendo o que te faz feliz, pq hj que eu ersolvi fazer tb, eu sei o que eh felicidade de verdade.

Proximo passo: Australia!

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Fernanda 25 de junho de 2013 - 10:09

Tá certo Rick. Boa sorte lá em down under!

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Ana Six 25 de junho de 2013 - 10:39

Vi essa semana um artigo na isto é dinheiro que os jovens brasileiros estão mudando de perfil: já não querem mais comprar um carro, preferem viajar e por isso querem transporte público decente.
Confesso que quando li isso, meu coração ficou feliz e eu sorri imediatamente! Caramba, sei que ainda é só um começo de quebra de paradigma, mas HÁ ESPERANÇA!
Vai ver que tudo isso que acontece no BR agora possa ser resultado disso: Queremos mudança nas nossas vidas, queremos felicidade!
Eu não sei se acredito em destino, mas acho que por algumas experiências a gente tem que passar para evoluir, para aprender.
Adorei o texto.
bjs

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Fernanda 25 de junho de 2013 - 12:11

Eu já acreditei em destino, mas só me ferrei com ele. Assim como também me ferro com carma, mas vou levando. Só que cansei de ficar parada.

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Suelen 25 de junho de 2013 - 11:03

Fer, eu sei que é piegas dizer isso, mas seus posts são inspiradores. Obrigada por eles.

Abrs!

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Fernanda 25 de junho de 2013 - 12:09

Obrigada você pelos comentários!

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Fernanda 25 de junho de 2013 - 12:04

É isso ai!! Vou ter que postar essa foto no meu facebook!! hehehe

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Fernanda 25 de junho de 2013 - 12:10

Funcionou para mim.

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Karina 25 de junho de 2013 - 13:35

Foi como um tapa na minha cara esse seu post. Perfeito! Se eu fosse sua amiga, juraria era de mim que estava falando quando se referiu a odiar Curitiba, querer morar no NE… eu digo isso todos os dias… mas me pergunta se eu faço alguma coisa para mudar? Não! Justamente porque me falta CORAGEM!!!!
Mas vou ler esse post todos os dias, até que eu ter CORAGEM de tomar uma ATIDUDE! 😉
Parabéns por sua coragem!

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Fernanda 25 de junho de 2013 - 14:18

Karina, eu particularmente não gosto de Curitiba, mas como eu disse, o problema não é bem aqui. hahaha. Pode ter certeza que não foi para você. Até porque a pessoa em questão é do sexo masculino. rs

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Bernardo 25 de junho de 2013 - 15:49

Não faz muito que comecei a acompanhar seu blog. E depois de ter chegado a ele, acidentalmente já caí naquela postagem sobre o vício em viagens. Aconteceu uma identificação imediata. Não sou rico (longe disso) e não ganho mais do que a média das pessoas com formação e geração semelhantes às minhas. Mas de seis anos para cá adotei uma filosofia de vida certamente muito diferente daquela que é comum para essa mesma média (claro que você a conhece muito bem). Já foram mais de 30 países, Fernanda; e 24 dos nossos 26 estados. A vida é mesmo simples. O complicado é superar as ondas contrárias da sociedade, que vêm fortes, mas passam. Que nossos sonhos continuem sendo compartilhados, encorajando aqueles que também sonham viver os deles! Parabéns pelo blog!

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Fernanda 25 de junho de 2013 - 16:57

Uau! 24 estados do Brasil? Conheço bem pouca coisa aqui. Uma pena, mas um dia eu chego lá. Mas é bem por aí Bernardo. Certas pessoas se prendem demais no que a sociedade vai pensar e não fazem nada de diferente na vida – nunca!

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Ana Claudia Sachser 25 de junho de 2013 - 16:52

Adoreeei seu post pois passei por isso tbm!
Dps da faculdade me joguei na Europa, por onde passei um ano maravilhoso! E acredito que o emprego que tenho hoje, em parte, foi fruto dessa aventura… Nao AMOOO, mas tbm nao sou infeliz! =)
Talvez se eu nao tivesse namorado, teria ficado por la, naquela terrinha gelada e simpatica. =D
Ao contrario de muitos, AMO Curitiba, masss sempre tem alguma coisa que nos incomoda ne? Os familiares e amigos cobrando casamento entao… nem se fala!
Acho que o que nos tira do serio eh que esse povo eh muito quadrado e quer seguir as riscas “o que a sociedade acha que temos que seguir”…
Viva a vida da sua maneira e continue sendo feliz e nos fazendo feliz com seus relatos rs!
BTW, o texto final eh incrivel.
Bjs

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Fernanda 25 de junho de 2013 - 17:01

O que me tira do sério em Curitiba é que as pessoas casam cedo demais e aí acham que só porque elas casaram com 24, 25 anos elas sabem de tudo e só elas sabem a verdade. Nossa, com 22 anos eu estava me mudando para a Europa. Não tinha nem cabeça para pensar em casamento (e olha, já nem sei mais se quero). O mais triste de tudo é que possivelmente esses que casaram cedo já estarão divorciados daqui uns anos. Eu já andei falando aí para umas amigas para elas não se preocuparem, pois quando eu finalmente casar, elas já estarão divorciadas (e os divórcios no meu círculo de amizades já começaram). rs

Mas a vida segue e cada um que tente ser feliz do jeito que dá, não é mesmo?

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Adriana Lima 25 de junho de 2013 - 18:48

Adorei o post! Também sou assim, como você! Sem medo de ser feliz. Larguei meu trabalho em marketing, sai de São Paulo e fui morar fora, viajar, aproveitar a vida e trabalhar em sites de viagem. Já te falei que a gente devia bater um papo, somos parecidas em muita coisa =)
Beijo

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Fernanda 25 de junho de 2013 - 19:31

eu finalmente pedi uma nova senha do skype. Vou te mandar lá no facebook meu usuário e aí marcamos. Shame on me! rs

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Adriana Lima 26 de junho de 2013 - 19:33

Eba! Vou esperar então! beijos

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Nivia 25 de junho de 2013 - 21:31

Post inspirador mesmo Fernanda. Auto-conhecimento, até para se ESCOLHER ter uma vida quadradinha 🙂

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Fernanda 25 de junho de 2013 - 21:37

Exatamente Nívia. 🙂

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Juliana 26 de junho de 2013 - 08:57

Vontade de mandar esse post pro meu pai, mas ele nunca vai entender. Ele já tá achando ruim que estou planejando passar uns dias no Chile esse ano ou ano que vem, e olha que é uma viagem barata. Por ele eu guardo dinheiro eternamente, pra comprar carro, apto e essas coisas que vc sabe… Se um dia ele desconfiar que quero gastar tudo em viagens e fazer uma volta ao mundo daqui uns anos, ele morre de desgosto hahahaha. Mas é isso aí, vou fazer o que me faz feliz, tenho só 22 anos mas já sinto que perdi tanto tempo.
Enfim, muito bom o post Fernanda, me identifico muito com vc. Beijos!

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Fernanda 26 de junho de 2013 - 11:09

Meu pai também não foi muito a favor (quando ele era vivo) quando eu decidi mudar para a Europa. Normal. Acho que um dia ele simplesmente se acostumou com a ideia que eu nasci para ser cidadã do mundo.

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Tatiane Dias 26 de junho de 2013 - 09:49

Desde que comecei a ler seu blog comecei a pensar em largar tudo e fazer uma volta ao mundo!
Essa ideia tem estado na minha cabeça, só que um dia desses eu pensei sério a respeito. O que percebi?!

Que não é pra mim largar tudo e viajar!
Eu adoro o RJ, apesar de achar que tá muito caro morar aqui.
Eu acabei de adotar um filhote quatro patas que o maior amor da minha vida, no momento. Nem consigo imaginar deixá-lo com alguém por 1 ano ou mais.

Mas isso não me impede de pensar, vou continuar viajando, todas as férias, todos os feriados, e muitos fds! Vai ser a minha forma de matar um pouco dessa vontade e manter as coisas que amo e me prendem onde estou!

E tô feliz com essa decisão bem pensada! Afinal, a vida é assim! E quem sabe eu não dê a volta ao mundo quando eu for mais velha e tiver uma vida tranquila?! Não acho que a idade será um problema, só será um outro tipo de viagem!

Beijos

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Fernanda 26 de junho de 2013 - 11:08

É bem por aí Tati, não é para todo mundo. Você tá certa. E, eu conheci muita gente mais velha fazendo volta ao mundo. Talvez a deles fosse até melhor que a minha, pois eles tinham mais dinheiro.

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Gabi 26 de junho de 2013 - 17:52

Depois de morar 7 meses fora, eu voltei pro Brasil, pra faculdade de Direito, e quase morri de depressão. Só chorava, não queria fazer nada e quase levei meus pais à loucura. Fiquei anos assim, na base da medicação, sofrimento, sem entender porque. Até que um dia eu tive a epifania (e a coragem) de entender: eu não queria mais a vida que eu vivia. Eu fazia tudo bonitinho, conforme a sociedade pede, mas quando eu fiquei sozinha, em outro lugar, eu optei por viver de outra forma, e eu queria aquela forma pra sempre. Sair um pouco dos padrões não foi fácil (e por isso talvez eu tenha demorado a enxergar). Larguei um emprego dos sonhos, arrumei outro – que pra mim é dos sonhos, e tive que lidar com a cara de WTF?! das pessoas. Gasto meu dinheiro com viagens, e vejo a graça em outras coisas. Muita gente me acha cabeça de vento. Eu me acho feliz 🙂

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Fernanda 27 de junho de 2013 - 10:13

Eu também entrei em depressão quando voltei da Europa em 2006. Meio que vi minha história na sua. Mas, você está certíssima. O que importa é ser feliz.

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Priscyla 3 de julho de 2013 - 17:50

Olá Fernanda,
ja tem um tempo que acompanho seus posts.. meu irmão que apresentou o seu blog a mim, e logo gostei. ele viaja bastante, mas ele trabalha. meu caso é diferente, eu sou estudante sem renda alguma, mas tenho muitíssima vontade de conhecer o mundo. pode dar dicas pra que eu faça isso mesmo com pouco dinheiro??
Abração 🙂

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Fernanda 3 de julho de 2013 - 19:02

Olha, eu só comecei a viajar depois que comecei a trabalhar também. Não sou adepta de caronas e couchsurfing que seriam as maneiras mais baratas para viajar.

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Adenilso 11 de julho de 2013 - 08:33

Gostei muito deste post. Ja mudei minha forma de comecar o dia hoje. Valeu mesmo era oque eu precisava ler.
Entao maos a obra. 🙂

Responder
Fernanda 11 de julho de 2013 - 12:23

🙂

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